Céu Abreu

A casa do povo não é lugar para Funk?

Goiás 246
A casa do povo não é lugar para Funk?

Nos últimos dias, uma polêmica se instaurou em Anápolis devido a um vídeo que viralizou do grupo de performances “Equipe HAHAHA,” liderado pela DJ e influencer Nicolly Hahaha e sua equipe composta completamente por pessoas LGBT. Na ocasião, o grupo, representado por Nicolly, uma mulher trans, recebia uma homenagem de uma vereadora da cidade de Anápolis, Goiás. O evento tratava de homenagear ativistas da causa no Dia do Orgulho LGBT e anunciar a Parada do Orgulho que acontecerá em agosto deste ano. Na Câmara Legislativa da cidade, elas aproveitaram para fazer uma apresentação que incluía uma mixagem de músicas populares no estilo "funk" e também mensagens contra a LGBTfobia interpretadas como teatro. A performance completa já foi apresentada em outros locais, como paradas do orgulho e na Galeria de Arte Antônio Sibasolly no lançamento de uma exposição fotográfica.

O problema está no posicionamento e nos comentários das pessoas que encheram as redes sociais com mensagens preconceituosas e discriminatórias, achando que a casa de leis em Anápolis pertence apenas a um grupo de falsos moralistas e conservadores. Mas afinal de contas, o que é arte? Por que o grupo sofreu tanto hate?

A cultura funk é, sim, cultura, arte e resistência. Quando falamos de periferia, é sobre isso também. O espaço deve ser ocupado por todos os movimentos artísticos e todos os tipos de corpos. Não é só para bandas instrumentais, coros e arte erudita.

Funk é uma manifestação cultural que nasceu nas periferias, dando voz e visibilidade a comunidades marginalizadas. É uma forma de expressão que aborda temas sociais, celebra a identidade e resiste às opressões. Em um país como o Brasil, onde a desigualdade social é profunda, o funk se torna um grito de resistência e uma afirmação de identidade para muitos jovens da periferia.

A Câmara Legislativa: casa do povo

A Câmara Legislativa é, por definição, a casa do povo. Ela deve representar a diversidade da sociedade, permitindo que todos possam manifestar suas expressões artísticas e culturais. Limitar as manifestações a apenas um tipo de arte ou grupo de pessoas é uma forma de exclusão e perpetuação do preconceito.

O caso do grupo “Equipe HAHAHA” levanta uma questão importante sobre o papel dos espaços públicos na promoção da diversidade e inclusão. A arte tem o poder de questionar, provocar e transformar. E é essencial que todas as formas de arte, especialmente aquelas que surgem da resistência e luta contra a opressão, sejam reconhecidas e valorizadas.

Este episódio em Anápolis deve servir como um chamado para refletirmos sobre nossos preconceitos e a forma como tratamos a diversidade. É necessário promover um diálogo aberto e respeitoso, que celebre todas as formas de arte e cultura. A inclusão não é apenas uma palavra bonita, mas uma prática diária que deve ser adotada em todos os espaços, incluindo a Câmara Legislativa.

Portanto, a pergunta “A casa do povo não é lugar para funk?” deve ser respondida com um enfático sim. A casa do povo é lugar para funk, para teatro, para todas as expressões artísticas que refletem a diversidade e riqueza da nossa sociedade. É através dessa diversidade que construímos uma sociedade mais justa e inclusiva, onde todos e todas têm o direito de se expressar e ser ouvidos.


Céu Abreu é gestora de diversidade, comunicadora, artista visual e palestrante, baseada em Anápolis, Goiás, Brasil. Sua missão é promover a equidade e inclusão da diversidade.



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