Céu Abreu

A coragem de ser mulher no Brasil

Goiás 246
A coragem de ser mulher no Brasil

Ser mulher no Brasil é ter coragem. Na verdade, no mundo inteiro, mas aqui, é muito desafiador. Vivemos com receio porque conhecemos as histórias, temos amigas e conhecidas que já passaram por situações similares. Não conheço nenhuma mulher que não tenha sofrido algum tipo de agressão ou abuso.

Os dados do Anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública de 2023 são alarmantes: 1.467 mulheres foram vítimas de feminicídio, um aumento de 0,8% em relação ao ano anterior. Houve crescimento nos casos de importunação sexual (48,7%), stalking (34,5%) e assédio sexual (28,5%). A violência psicológica aumentou em 33,8%, a violência doméstica em 10%, e as agressões em 9,2%. Esses números revelam uma dura realidade. Não estamos falando de um público distante, estamos falando de nós mesmas, do nosso cotidiano. O aumento da violência psicológica em quase 34% é especialmente preocupante. Com as redes sociais, o stalking se torna mais fácil, mas a violência psicológica é muitas vezes mais difícil de comprovar, tornando-a uma arma silenciosa e devastadora.

Samira Bueno, diretora do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, aponta que uma mulher não é morta pelo companheiro da noite para o dia. É uma escalada de violências: stalking, ameaças, e outros sinais que não podemos ignorar. Esses primeiros passos, por menores que pareçam, não podem ser deixados de lado. A violência contra a mulher afeta todas nós, independentemente de classe social. No entanto, as mulheres de baixa renda, negras e trans enfrentam uma realidade ainda mais cruel. Se uma mulher de classe média ou alta pode ter para onde ir, uma mulher de baixa renda muitas vezes não tem essa opção. Denunciar o agressor pode colocá-las em uma situação extremamente vulnerável, onde elas se veem sem um lugar seguro para morar e sem suporte necessário para garantir sua proteção.

Acredito que o avanço das leis é positivo, mas também é motivo de medo para aqueles que sentem que estão perdendo o controle que antes era visto como permanente e indiscutível. O mundo está mudando, e embora alguns digam que está ficando "chato", na verdade, está ficando mais justo. Está ficando mais difícil para quem pratica preconceito, bullying ou comete esses crimes. Hoje, temos a possibilidade de falar, cobrar, apontar, discutir, debater e mostrar dados. Mesmo em um ambiente machista como o coorporativo ou o dos políticos, vemos um certo constrangimento em assumir certos posicionamentos que antes eram comuns. Isso, sem dúvida, é um sinal de progresso.

Ser mulher no Brasil é ter coragem. É enfrentar uma sociedade que ainda tem muito a melhorar, mas que, aos poucos, está começando a reconhecer nossos direitos e nossas vozes. E essa coragem, essa resistência, é o que nos move a cada dia.



Céu Abreu - Gestora de Diversidade e Inclusão e Comunicadora



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