Editorial 246

Caiado com Gusttavo Lima no iate do luxo e o eleitorado quer mais que o “leitin das criança”

Reprodução da Internet
Caiado com Gusttavo Lima no iate do luxo e o eleitorado quer mais que o “leitin das criança”

As campanhas eleitorais brasileiras estão mudando de ares, e não, não estamos falando de uma nova linha de moda, mas sim do fim do bolsonarismo como conhecíamos. O que antes se impunha com força já não convence tanto, existe um cansaço genuíno dos discursos progressistas, que parecem não acompanhar a expectativa de transformações sociais e econômicas que o brasileiro espera.

Enquanto isso, figuras como Marçal estão conseguindo capturar a atenção de uma parcela da sociedade que sonha basicamente em “melhorar de vida”. E vamos combinar, quem é que não gostaria de ter sua casa, carro e viajar de vez em quando, né? Claro que a canção que diz que “A vida é de boa, não preciso de muito pra ser feliz” é quase um mantra de uma vida simples: "Só preciso de um dinheiro pra comprar um mé. O leitin das criança e o Modess da muié". Mas na realidade, a população tem aspirações bem mais elevadas, muito além da simples picanha no prato.

O povo está comendo com extrema dificuldade, enquanto o governo taxa blusinhas. Por outro lado, a taxação dos super-ricos não acontece, assim como as propostas apresentadas em campanha como a isenção do imposto de renda para até R$5 mil reais, ou a redução do preço de itens como automóveis para os mais pobres também não se cumpriram.

E quem disse que os eleitores não têm ambições? Parece que muitas das candidaturas, especialmente as da esquerda, andam subestimando isso. Será preciso dizer que quem faz voto de pobreza são os franciscanos? E já que estamos falando de tendências, não se pode ignorar a nova extrema-direita que surge com um toque de glamour - uma versão “sofisticada” do bolsonarismo, estampada em iates de luxo e festas com celebridades. Olha o Caiado aí, passeando de barco com Gusttavo Lima, tomando vinho caro com um dos alvos da ação da Polícia Civil, o empresário José André da Rocha Neto, do ramo de apostas online, em passeio nada discreto pela Grécia.

A população em geral não se importa com a bússola moral dos progressistas; inclusive porque o discurso de “santidade” na política não cola mais, na verdade, há quem vote contra ela e se afaste da discussão política por causa disso. Em um cenário onde políticos, empresários e prestadores de serviços públicos frequentemente se beneficiam de licitações que alimentam o crime organizado, e engordam suas contas pessoais, definitivamente não é problema estar nas páginas dos jornais em festas com alvos da justiça. Pelo contrário, segundo a lógica da economia da atenção das plataformas, candidatos polêmicos, envolvidos em escândalos e acompanhados de famosos serão beneficiados.

A antropóloga Letícia Cesarino afirma que “os algoritmos são parte da economia da atenção, que é um modelo de negócio baseado na venda de atenção dos usuários para anunciantes e que acaba criando um tipo de esfera pública de baixa qualidade de conteúdo”. Assim, temas como programas de governo ficam fora dos trends topics enquanto o sensacionalismo, revolta, indignação ou humor ficam em alta, favorecidos pelos algoritmos.

Então, é compreensível que essas campanhas com teor moral pareçam conversar apenas entre os progressistas, mas para o eleitor que busca uma vida melhor, discursos moralistas são como palavras ao vento. Nas principais disputas eleitorais Goiás adentro, vem aparecendo uma nova versão desse bolsonarismo 2.0, recheada de dinheiro, um discurso contra o sistema, e um testemunho de ascensão pessoal que promete fisgar o eleitor. Afinal, será este o novo messias que o povo está buscando? No final das contas, moral não torna o sonho de ninguém realidade.ga nem realiza sonho.



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