Céu Abreu

Por que nos afastar de quem usa o “pink money” como ferramenta de exploração das pautas LGBTQIAP+

Goiás 246
Por que nos afastar de quem usa o “pink money” como ferramenta de exploração das pautas LGBTQIAP+

Vivemos em tempos de visibilidade das pautas LGBTQIAP+, de um lado, uma conquista e, de outro, uma ferramenta de exploração por aqueles que enxergam nessas bandeiras apenas uma oportunidade comercial. O "pink money" é o nome dado ao capital gerado a partir do consumo de produtos e serviços voltados para o público LGBTQIAP+, e, muitas vezes, é manipulado por figuras públicas que não possuem compromisso real com a causa. O exemplo mais recente e evidente desse oportunismo é a trajetória de Jojo Todynho, uma figura que se consolidou no imaginário popular através de uma imagem de "aliada" da comunidade LGBTQIAP+, mas cujas atitudes demonstram uma falta de profundidade e alinhamento com a comunidade.

Jojo se tornou um ícone para o público LGBTQIAP+ ao lançar músicas como “Que Tiro Foi Esse?”, uma canção que rapidamente ganhou popularidade na comunidade. Com letras que usam gírias da comunidade e uma postura irreverente, ela foi recebida de braços abertos por muitos, que viam nela uma voz representativa. Mas, o que começou como uma identificação mútua se revelou como um projeto de marketing: Jojo se apropriou de símbolos e elementos da cultura LGBTQIAP+ apenas para faturar.

O problema do "pink money" é exatamente esse: pessoas e empresas se aproveitam da causa para lucrar sem ter um compromisso genuíno com a comunidade. Em vez de apoiar de forma concreta e contínua, utilizam esses símbolos como um "adesivo" temporário que pode ser descartado quando não for mais rentável. O que Todynho fez é justamente isso: transformar uma causa de luta e resistência em um trampolim para sua autopromoção.

Ao longo dos anos, vimos Jojo se envolver em uma série de polêmicas que demonstram seu despreparo para as responsabilidades que vêm ao se posicionar como uma "aliada". Se envolveu em discussões públicas sobre a sexualidade de terceiros de forma desrespeitosa, expôs colegas e mostrou falta de empatia para com as questões que realmente importam para as minorias. Agora, ao se aproximar de figuras políticas e grupos de extrema-direita, sinaliza desconexão total com os valores que a comunidade LGBTQIAP+ defende: direitos humanos, respeito à diversidade e inclusão.

O exemplo de Todynho lembra da importância de sermos criteriosos em nossas escolhas e não apoiar quem usa nossa bandeira apenas para ganhos pessoais. Muitas celebridades, figuras públicas e políticos veem o público LGBTQIAP+ como um mercado fiel e engajado, mas esse engajamento precisa ser recíproco. Não basta uma pessoa se apropriar de símbolos e estéticas da comunidade sem, de fato, trabalhar para garantir que nossos direitos sejam respeitados e ampliados.

Personalidades como a deputada Erika Hilton apontam a hipocrisia de pessoas como Jojo, que utilizam a visibilidade LGBTQIAP+ como trampolim, mas que, na hora de se posicionarem em relação a políticas públicas e direitos humanos, voltam-se para lados que representam o oposto dos valores da comunidade. Como Erika coloca, Jojo não é criticada por ser de direita, mas por ter construído sua carreira em cima de uma comunidade para, depois, abandoná-la e se aliar a quem a oprime.

É essencial que nos afastemos de figuras que utilizam do pink money de forma desonesta. A comunidade merece aliados verdadeiros, pessoas comprometidas com suas lutas e dispostas a agir em favor da inclusão e da justiça social. Não podemos permitir que pessoas como a traidora da Jojo Todynho transformem nossas pautas em produtos descartáveis. A luta por direitos não é uma tendência, é uma questão de sobrevivência e dignidade.


Céu Abreu - comunicadora, gestora de diversidade e artista visual.



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