Editorial 246
Eleições em Goiás: entre bets, carreatas, covardes e muita fumaça
O momento decisivo das eleições está se aproximando, e a expectativa é alta. Assim como em outras partes do Brasil, o clima eleitoral já está fervendo em Goiás. Recentemente, a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, se destacou por suas declarações incisivas sobre o atual cenário político, pedindo que os candidatos “tomem tenência” e tratem a política com o respeito que ela merece. Essa reflexão se torna ainda mais relevante quando olhamos para a realidade política goiana.
Em várias cidades do estado, assistimos à crescente polarização nas campanhas, frequentemente marcada por disputas acirradas e ataques pessoais, ao invés de um verdadeiro debate sobre ideias. Com cenas de violências e campanhas dominadas por ataques, a política se torna um reflexo de uma sociedade que, em muitos casos, se esqueceu do civismo e da construção de soluções coletivas.
Enquanto isso, o eleitor vive em uma cidade enfumaçada, trabalhando debaixo de calor extremo, recebendo uma enxurrada de propaganda de bets, com apoio e investimento de famosos. E já se discute o resultado disso para as famílias mais pobres. Além disso, problemas graves com o transporte público e falta de estrutura nas cidades, que não serão resolvidos com acesso livre às faixas exclusivas do ônibus, como gostaria Sandro Mabel, em Goiânia.
Nas maiores cidades goianas temos candidatos disputando a primazia por “ser a verdadeira direita”, enquanto se esquivam de apresentar soluções para os problemas municipais. E assim, enquanto o governador de Goiás corre para eleger seus candidatos do União Brasil, depois de correr atrás do trio elétrico do Bolsonaro em São Paulo, em um topa-tudo para herdar os eleitores do bolsonarismo, acabou sendo chamado de covarde por Bolsonaro na capital, que sinaliza preterir outros e remoer a posição contrária de Caiado à sua política antivacina.
Mas a covardia não se restringe ao Caiado, está também em Aparecida de Goiânia e em Anápolis, com os candidatos Professor Alcides e Márcio Corrêa fugindo dos debates cara a cara com a população. Preferem tumultuar a cidade com enormes e barulhentas carreatas. É fundamental lembrar que as eleições não devem ser um campo de batalha, mas sim uma oportunidade de apresentar propostas que realmente atendam às necessidades da população.
O show da Xuxa não parou por aí, temos visto um aumento na disseminação de informações falsas e pesquisas eleitorais invalidadas pelo TSE, o que confunde o eleitor e distorce o verdadeiro debate a ser feito enquanto respiramos fumaça todos os dias. O eleitor, esse sim, questiona quais são as propostas para a saúde, educação e infraestrutura, questões que afetam a vida do goiano diariamente.
A influência das redes sociais, ao mesmo tempo em que promove a democratização da informação, também trouxe a difusão de mentiras. Assim, muitos candidatos priorizam o marketing sobre o conteúdo, buscando atrair a atenção pela polêmica, ao invés de apresentar projetos. As pessoas precisam ficar atentas: durante as campanhas, é essencial priorizar candidatos que tenham compromisso com a construção de uma política respeitosa e transparente. A desmoralização da política preocupa.
Como ressaltou a ministra, é hora de levar a política a sério e se afastar da cultura da violência e da desinformação. As mudanças climáticas, a educação e a saúde pública devem ser os temas centrais das campanhas, pois são questões que precisam de atenção imediata e soluções sustentáveis.
Em um cenário onde a busca por um poder fácil parece prevalecer, é dever do eleitor goiano exigir propostas concretas. Cabe a todos nós aproveitar o próximo pleito para uma escolha melhor, evitando cair nas armadilhas da superficialidade e da falta de respeito. Será que teremos em Goiás políticos que priorizem o bem-estar da população?