Ana Maria
Faltaram profissionais e sobraram militantes no marketing das últimas campanhas em Goiás
A última eleição evidenciou um fenômeno inquietante: a maioria das campanhas milionárias que, apesar do investimento em técnicas de marketing político, falharam em estabelecer uma conexão emocional com os eleitores. Embora esses marqueteiros tenham à disposição uma variedade de ferramentas sofisticadas, muitas vezes o que faltou foi a verdadeira paixão pelo projeto político dos candidatos pela cidade. Essa falta de envolvimento genuíno não apenas desumanizou as campanhas, mas também contribuiu para um distanciamento entre os candidatos e os eleitores.
Os profissionais de marketing político são, em sua maioria, experts em estratégias de comunicação. Eles dominam a segmentação de público, a criação de conteúdo impactante e a utilização de dados para otimização de campanhas. No entanto, essa abordagem técnica, embora eficiente em termos de alcance, não substitui a malícia e a autenticidade que são cruciais para engajar o eleitorado. O que se percebe é uma comunicação fria e mecanizada, incapaz de transmitir a verdadeira essência das propostas e a paixão que deveriam estar por trás delas. Conchavos partidários impedem que candidatos contratem melhores profissionais da área e acabam caindo na emboscada da “indicação partidária”.
Além disso, muitas das campanhas milionárias se concentraram em criar uma imagem falsa dos candidatos, negligenciando o diálogo verdadeiro com a população. Mensagens vazias e promessas genéricas dominaram o cenário, resultando em uma comunicação que, ao invés de conquistar votos, gerou mais ceticismo, o número de abstenções nas três maiores cidades de Goiás, muitas vezes superou o número de votos. Os eleitores, completamente desconectados da narrativa apresentada, não se sentiram representados ou inspirados, refletindo-se em resultados eleitorais que não corresponderam às expectativas de quem investiu pesadamente em publicidade.
Para que o marketing político se torne mais eficaz, é fundamental que as campanhas busquem uma conexão mais autêntica com os eleitores. As rosquinhas Mabel foram sim uma jogada e tanto. Os marqueteiros precisam mesmo ir além das técnicas e estratégias e se perguntar: como podemos criar um vínculo real com o eleitor? Não falo de um vínculo de militante, lacrador e dissimulador partidário, mas construída sobre a base da identificação, levantamento de dados, onde a paixão pelo projeto do candidato possa ser o elo entre as boas estratégias e técnicas. Somente assim será possível transformar o potencial das campanhas em votos concretos e em um engajamento verdadeiro para a carreira política.
Ana Maria é profissional do Marketing Político. Sua empresa agencia pessoas públicas como políticos e influencers por todo Brasil.