Rodrigo Zani
Outsiders e a difícil equalização de resolver problemas da política sem a política
Com a crise política-institucional vivida pela País nos últimos anos surgiram os famosos outsider, que numa tradução poderia ser: “estranhos”; pessoas que nunca lidaram com o ambiente da política e se autodeclaram preparados para resolverem problemas que só a política pode resolver. Será que isso rola?
Eu sempre compreendi que política é construída com muito diálogo, tempo, experiência e grupo, afinal de contas: “caititu fora do bando vira presa fácil de onça”; mas surgiu por aí, dado a contaminação tóxica dos extremismos, uma nova espécie de políticos: os “estranhos”, também conhecidos como “outsides”; são pessoas que não sabemos de onde vem e nem onde querem chegar. São a negação da política, mas estão na política. Difícil de compreender!
Com vídeos curtos, soluções pouco racionais e sem dados concretos os estranhos outsider prometem resolver todos os problemas da sociedade num estalar de dedos. Como? Fácil! Não se faça política, mesmo estando na política. Mas, como isso é possível? Ai que a conta não fecha. Não é possível!
Os outsider, ou, os estranhos, são facilmente encontrados em estúdios próprios de podcast, onde não podem ser confrontados com a realidade. Vivem no mundo de ilusões provenientes de ideologias imaginárias e teorias da conspiração. Conseguem arrebatar internautas viciadas em redes sociais e formam uma bolha de pessoas facilmente manipuláveis. Conquistam votos, ganham a eleição e não fazem política. É de fato uma mutação social!
O político para ser bom e prestar serviço de excelência à comunidade tem que fazer política com P maiúsculo. Redundante, não? Mas precisa ser reafirmado. Tem que sentir a sociedade, compreender a complexidade dos seus dramas e com diálogo, mobilização e articulação, que só a política pode fazer, apresentar soluções em formato de projetos e executá-los com a eficiência de um bom gestor público.
Desconfiem sempre daqueles vídeos que recebemos nos grupos de WhatsApp da família cujo personagem é um “estranho” se gabando de ser “contra o sistema” e que não fará alianças políticas. Não se governa sozinho, sem alianças e muito menos se faz política sem a política. De falácia de rede social a nossa sociedade está cheia e a nossa democrática não suporta mais esses “estranhos”.
Para encerrar aquela célebre e necessária frase atribuída à Thomas Jefferson: “O preço da liberdade é a eterna vigilância.”