Cristina Ovídio
Escolas públicas e privadas: por que resultados tão distintos?
Outro dia mesmo, busquei refletir com vocês, sobre a oferta de uma educação de qualidade como ideal da maioria dos pais para seus filhos. Falei, brevemente, sobre a dicotomia entre a legislação (BNCC), que orienta a Educação, sobretudo a Educação Infantil, em nosso país, buscando despertar em cada docente uma reflexão sobre essa evidente contradição.
Naquela ocasião, a fim de problematizar a efetividade da legislação, bem como às práticas pedagógicas de docentes nos CMEIs, levantei algumas questões, que mesmo sem a pretensão de responder, objetivaram, apenas, despertar algumas reflexões acerca da Educação Infantil na rede pública municipal de Anápolis, considerando que “não são as respostas que movem o mundo, são as perguntas”. Dentre as questões, destaquei: Se a orientação para a Educação Infantil na BNCC é a mesma para as práticas pedagógicas dos docentes das redes pública e privada, por que os resultados são tão distintos? Qual o real motivo do baixo desempenho do processo educativo nos CMEIs? Encontra-se na falta de efetividade da legislação no contexto escolar?
Em resposta ao questionamento e, novamente, sem a pretensão de responder, busco compreender algumas outras indagações que efervescem em minha mente cada vez que procuro respostas para as questões anteriores. Indagações como: Se ambas as instituições de ensino infantil (pública e privada) devem seguir as orientações da BNCC porque as instituições privadas, em geral, apresentam um resultado no processo de ensino aprendizagem satisfatório, enquanto as instituições públicas apresentam um baixo desempenho? Onde estaria o problema?
É comum ouvir de servidores públicos da educação reclamações acerca do descaso do sistema público com a educação em nosso país. Reclamações que vão desde a desvalorização de professores/as (baixa remuneração, sobrecarga no horário de trabalho, falta de qualificação e reciclagem), ao sucateamento das escolas (ausência de materiais didáticos de qualidade e ambientes dignos). Essa situação reflete o contexto da educação pública municipal na cidade de Anápolis?
De acordo com o guia de Escolas do Brasil, em que os dados foram coletados pelo Censo Escolar 2023, fornecidos pelo INEP/MEC, a rede de educação pública em Anápolis conta com 38 instituições de ensino infantil que estão localizadas desde as regiões centrais às periféricas e rurais do município. Embora não haja informações sobre o número exato de servidores na rede municipal de Anápolis, o censo aponta para um total geral (pública e privada) de 3.340 docentes na Educação Básica, sendo 811 somente na Educação Infantil para atender a 14.015 crianças (0 a 5 anos) nas creches e pré-escolas.
Ante ao exposto, considerando as queixas e a demanda apresentadas acima e, partindo do pressuposto, novamente, de que “perguntas movem o mundo”, outras dúvidas surgem, como: A diferença nos resultados na aprendizagem entre as crianças das escolas públicas e privadas se encontra em que? Nas estruturas físicas (espaço e prédios)? Na ausência de materiais didáticos de qualidade? Na formação e preparo de docentes? Na falta de formação e atualizações (ENFOPE, CEFOPE e etc.) aos docentes? Na baixa remuneração e sobrecarga no horário de trabalho? Ou seria um problema de acompanhamento às práticas pedagógicas na docência pela gestão e coordenação?
Longe de tentar responder estas questões, concluo esta breve reflexão que, de certa forma, problematiza a Educação Infantil (pública e privada) em Anápolis com, apenas, mais uma provocação: O baixo desempenho no processo de ensino aprendizagem das crianças nos CMEIs em Anápolis estaria mesmo nas péssimas condições que a rede pública de educação oferta aos docentes?