Exploração de diamante no Brasil cresce com mais reservas identificadas

País foi um dos principais produtores do mundo entre os séculos XVIII e XIX e, agora, busca voltar ao mapa global

O Globo
Exploração de diamante no Brasil cresce com mais reservas identificadas (Reprodução)

Entre os séculos XVIII e XIX, o Brasil foi um dos principais produtores de diamantes do mundo. E agora tenta voltar ao mapa global de extração de pedras preciosas. A principal empresa em operação no país, a canadense Lipari Diamond Mines, atravessa um momento decisivo desde sua chegada em 2005, quando adquiriu os direitos minerários da Mina Braúna, localizada no município de Nordestina, na Bahia. Após o início da produção em julho de 2016, a companhia está investindo US$ 5,5 milhões na construção de túneis para a transição da sua operação a céu aberto para a lavra subterrânea, a mais de 200 metros de profundidade, visando manter sua trajetória de crescimento.


A transição realizada pela companhia visa posicionar o Brasil em um patamar semelhante ao de grandes produtores mundiais, como África do Sul, Botsuana e Canadá. Segundo Kenneth Wesley Johnson, presidente e CEO da empresa, Braúna é uma das principais minas de diamante da América do Sul desenvolvidas a partir de um kimberlito, rocha que pode conter os diamantes. Entre 2016 e 2023, a produção representou mais de 85% do total brasileiro, somando 1.144.675 quilates de diamantes naturais.


— A mudança de uma operação a céu aberto para uma subterrânea numa mina de diamantes de kimberlito é uma etapa comum no desenvolvimento de minas e segue caminho semelhante ao de outras minas de kimberlito, como a de Ekati e Diavik, no Canadá, e Premier e Koffiefontein, na África do Sul. Esperamos que a produção de diamantes na nova operação subterrânea seja comparável à produção média de cerca de 130 mil quilates de diamantes naturais por ano que obtivemos na operação a céu aberto — estima Johnson.



Com o investimento, o número de funcionários deve subir de 206 para 330, entre próprios e terceirizados, nos próximos anos. Atualmente, a Mina Braúna produz diamantes brutos naturais, do tipo gema, e toda a produção é exportada, segundo o executivo.


Johnson diz que o Brasil tem potencial para ganhar um papel relevante no mercado internacional de diamantes. Ele lembra que o país possui mais de 1.300 kimberlitos identificados. Com isso, afirma o executivo, o Brasil deveria ter ao menos dez minas em operação atualmente.


— Não resta dúvida de que, com o investimento adequado em pesquisa mineral, o país poderá ocupar novamente um papel relevante no mercado. Mas isso atualmente depende da implementação de incentivos para tornar o Brasil um destino atraente para a exploração mineral — afirma


Para Johnson, apesar dos problemas relacionados à exploração de diamantes durante o período colonial, entre 1700 e o fim de 1800, a produção de pedras preciosas foi um dos grandes vetores de desenvolvimento no Brasil.


— Impulsionou o surgimento de novas cidades, como Diamantina, em Minas Gerais, e a construção de infraestrutura, com rotas comerciais que se mantêm até hoje na forma de rodovias — completa o CEO da Lipari.


A empresa se instalou no Brasil em 2005, quando adquiriu os direitos minerários de Braúna, que pertenciam à Vaaldiam Resources, também canadense. Por meio da Vaaldiam, foram investidos mais de US$ 28 milhões na exploração e desenvolvimento da mina. A partir de 2012, mais US$ 61 milhões foram aplicados na execução de um programa de amostragem que comprovou a viabilidade técnica e econômica do depósito mineral.


Segundo Raul Jungmann, diretor-presidente do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), o Brasil tem potencial para voltar ao mapa global, mas é necessário que o país estude mais seu território:


— Hoje temos uma mina ativa no Brasil com indicação de novo potencial, mas mapeamos pouco o nosso território. Temos apenas 27% do país estudado. Se olharmos EUA e Canadá, esse mapeamento já alcançou 95% de suas terras — conclui Jungmann.





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