Boulos vai à Justiça para identificar e punir rede de 'cortes' de apoio a Marçal que o associa ao uso de drogas

Candidato do PSOL entrou com processos de crime eleitoral por calúnia, difamação e divulgação de fatos inverídicos; perfis somam 3,4 milhões de seguidores apenas no Instagram

API - O Globo
Boulos vai à Justiça para identificar e punir rede de 'cortes' de apoio a Marçal que o associa ao uso de drogas

O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), candidato à prefeitura de São Paulo, entrou esta semana com uma série de ações tentando identificar a autoria e punir 10 perfis anônimos de apoio a Pablo Marçal (PRTB) nas redes sociais. A campanha acusa as contas dos crimes eleitorais de calúnia, difamação e divulgação de fatos inverídicos ao publicarem "cortes" do adversário associando o candidato ao uso de cocaína em entrevistas e debates.


O próprio empresário está sendo investigado pela Polícia Federal, em inquérito aberto a pedido do Ministério Público Eleitoral de São Paulo, por conta das reiteradas declarações sobre o tema. O promotor Nelson dos Santos Pereira Júnior, da 2ª Zona Eleitoral de São Paulo, considerou que existem indícios de que o empresário violou os artigos 323, 324 e 325 do Código Eleitoral e que o comportamento pode influenciar o eleitor paulistano por associar a Boulos "comportamento social incompatível com o exercício do cargo de prefeito".


Os perfis trazem variações de nomes como "mente milionária", "Pablo Marçal cortes" e "códigos do milhão". Juntos, as 10 contas possuem cerca de 3,4 milhões de seguidores apenas no Instagram. Para título de comparação, por exemplo, a conta oficial usada atualmente pelo ex-coach tem público de 5,2 milhões na mesma plataforma.


Marçal costuma dizer em entrevistas que jovens aprenderam a ganhar dinheiro com os vídeos curtos e que, de fato, suas empresas incentivam a prática por meio de "campeonatos de cortes". Ele, no entanto, nega que isso tenha sido feito no período de campanha ou pré-campanha, ainda que existam provas nesse sentido, recolhidas em redes como o Discord. Uma empresa do candidato do PRTB pagou R$ 14 mil a um influenciador no início de abril, por exemplo, segundo comprovante divulgado pelo beneficiário.


A campanha de Boulos entende que a divulgação das falas de Marçal infringem a legislação eleitoral, mas o processo ainda depende da identificação das contas, o que já recebeu sinalização positiva de parte dos promotores eleitorais, que pedem o envio dos dados por parte da Meta, empresa que controla o Facebook e o Instagram.


"Inegável que a reiterada veiculação de conteúdos inverídicos, caluniosos e difamatórios como esse denota um absoluto desprezo com a lei penal eleitoral, na medida em que o indivíduo, mesmo sabendo do caráter ardiloso e odioso das informações que propaga, escolhe infringir as cláusulas legais e a própria ordem democrática ao seu bel-prazer, visando à satisfação de seus interesses pessoais e políticos, na busca incessante por engajamento, likes virtuais e até mesmo monetizar-se com a prática ilícita", alegam os advogados de Boulos.


Remoção de posts


No caso do TJ-SP, os advogados de Boulos encaminharam notificações judiciais advertindo que os detentores das contas podem ser alvos de ações criminais e de reparação de danos. O psolista lista diversas postagens, que somam milhares de curtidas, comentários e compartilhamentos, solicitando que todas elas sejam excluídas pelos usuários dentro de 24h e que estes não incorram em "novas publicações ofensivas à honra do notificante". As notificações foram encaminhadas para a 23ª Vara Cível do Foro Central.


A Justiça Eleitoral já havia mandado o próprio Marçal remover publicações de suas redes sociais em que associa Boulos, "através de falas e gestos", ao uso de cocaína. Neste caso, em um dos processos, o juiz Rodrigo Marzola Colombini considerou que os vídeos “possuem conteúdo unicamente difamatório à pessoa do autor, sem qualquer relevância político-eleitoral” e que as afirmações não são acompanhadas de “qualquer comprovação, mesmo que indiciária”.


Desde a convenção partidária do PRTB, em 4 de agosto, quando confirmou sua candidatura à prefeitura de São Paulo, Marçal tem dito que revelaria o uso de drogas de dois adversários e que apresentaria provas disso:


— Tem dois cheiradores de cocaína dos que estão concorrendo. (...) Tem que mostrar o ‘papelzinho’, o ‘prontuariozinho’... Tá na minha mão. Nós vamos mostrar para todo mundo — disse Marçal.


No debate da Band, dias depois, Marçal fez o gesto de pressionar o nariz ao se dirigir a Boulos, insinuando o uso de cocaína. Repetiu a encenação em diversos vídeos para as redes sociais. Na sabatina da CNN, na segunda, chamou o adversário de "cheirador de cocaína". Jamais, porém, apresentou qualquer prova.


Em determinado momento da campanha, Marçal chegou a pedir "perdão" pela postura, afirmando que "precisou chamar atenção como idiota" para subir nas pesquisas. Conforme revelou o GLOBO, Marçal conta com uma ampla rede de apoiadores que inunda as redes sociais com trechos curtos e descontextualizados de vídeos do empresário, inclusive com promessas de ganhos financeiros. A prática pode levar à cassação do seu registro caso seja comprovada nos autos.


Nesse meio tempo, reportagem do jornal "Folha de S. Paulo" apontou que as alegações de Marçal seriam baseadas em um dossiê elaborado pela campanha que usa um processo antigo de um homônimo, Guilherme Bardauil Boulos, candidato a vereador pelo Solidariedade. O ex-coach nega. Bardauil se tornou réu por posse de drogas, no caso maconha, em 2001. A ação foi extinta em 2006.





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