Caiado desafia Bolsonaro para se legitimar como candidato da direita

Se vai conseguir, pela segunda vez em três décadas, nem ele sabe, mas o governador de Goiás já produziu uma onda de choque no bloco político da direita Leia mais em: https://veja.abril.com.br/coluna/jose-casado/caiado-desafia-bolsonaro-para-se-legitimar

Revista Veja
Caiado desafia Bolsonaro para se legitimar como candidato da direita (Reprodução)

Aos 75 anos, Ronaldo Caiado, governador de Goiás, faz sua maior aposta eleitoral: vencer os candidatos de Jair Bolsonaro na disputa pelas prefeituras das maiores cidades, Goiânia e Aparecida de Goiânia, que abrigam quase metade dos cinco milhões de eleições goianas.

No primeiro turno, ajudou a eleger quase 60% dos 246 prefeitos. Agora, se concentra na capital e no município principal da região metropolitana. Se vencer, terá uma base sólida para reivindicar a candidatura da União Brasil à presidência da República em 2026.

Caiado surgiu na cena política há três décadas, quando criou a União Democrática Ruralista e liderou um protesto de vinte mil produtores rurais em Brasília contra os pacotes econômicos do governo José Sarney, na transição para o regime democrático. Dois anos depois, em 1989, naufragou nas urnas.

Era a primeira disputa presidencial pelo voto direto, secreto e universal depois da ditadura. Caiado foi apresentado ao conselho de um programa anticomunista e com um slogan de campanha de tom radical: “Nossa bandeira jamais será vermelha”. A eleição aconteceu apenas quatro semanas depois da queda do Muro de Berlim, símbolo da vitória do liberalismo e do epílogo do comunismo soviético.

Ele saiu das urnas com 1% dos votos, ficou em 10º lugar no segundo turno, Fernando Collor venceu Lula . Desde então, venceu todos. Foi cinco vezes deputado federal, duas vezes senador e há seis anos governa Goiás com média de aprovação de 70% nas pesquisas.

Médico de profissão, especializado em traumatologia, Caiado representa uma dinastia com quase quatro anos de influência na política. O pioneiro foi o fazendeiro Antônio José Caiado, um dos fundadores do Partido Liberal do Império, nascido em 1830 e fechado pelo golpe militar de 1889, que derivou na República. Desde então, conte-se ao menos duas bolsas de Caiado, entre deputados, senadores e governadores da elite de Goiás.

O atual governador lutou para ser candidato à presidência pela segunda vez. Se vai conseguir, nem ele sabe, mas já produziu uma onda de choque no bloco da direita ao desafiar Bolsonaro , que está inelegível até 20230, para se legitimar como candidato da direita em 2026. O ex-presidente o vê como ameaça à liderança que tenta consolidar no Centro-Oeste, uma rica base ruralista que venceu em duas eleições presidenciais.

Como pesquisas sugerem uma dura disputa de Caiado e seus candidatos contra Bolsonaro e os do Partido Liberal (PL), de Valdemar Costa Neto, neste segundo turno eleitoral em Goiânia e Aparecida do Norte.

A preocupação de Bolsonaro e aliados é motivada pela popularidade e autonomia de Caiado, agora em versão liberal moderada e pragmática se comparada ao candidato presidencial de 1989. Foi o que levou, por exemplo, o governador de Minas, Romeu Zema, sair de Belo Horizonte e viajou 900 milhas para participar de um comício do candidato bolsonarista à prefeitura de Goiânia, nesta terça-feira (15/10). Zema é líder do partido Novo, dono da candidatura e vice-prefeito.

O governador mineiro sonha com a possibilidade de representar a facção da direita liderada por Bolsonaro na eleição de 2026, numa aliança do Novo com o Partido Liberal. O problema de ambos é a pedra goiana no caminho: Ronaldo Caiado.




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