Airbus planeja reduzir 2.500 empregos em meio a desafios no setor de defesa
A Airbus anunciou a intenção de cortar até 2.500 postos de trabalho na sua divisão de defesa e espaço, justificando a decisão por um “ambiente de negócios complexo”, caracterizado pelo aumento dos custos e “mudanças rápidas no conflito”.
A fabricante europeia, que concorre com a Boeing no setor de aviação, informou nesta quarta-feira (16) que espera concluir os desligamentos até meados de 2026. A empresa não revelou em quais países os cortes — que representam cerca de 1,7% de sua força de trabalho total — serão feitos.
Mike Schoellhorn, CEO da Airbus Defence and Space, declarou que o setor enfrenta “um contexto empresarial em rápida transformação, com cadeias de abastecimento afetadas, mudanças aceleradas na guerra e crescente pressão sobre os custos devido a restrições orçamentárias”.
Esses cortes fazem parte de uma reestruturação maior, com o objetivo de tornar a unidade “mais ágil, simples e competitiva”, conforme afirmado por Schoellhorn em comunicado.
O anúncio ocorre em um cenário global da defesa e espaço em transformação, apresentando desafios e oportunidades para as empresas.
Nos últimos anos, os governos aumentaram os gastos com defesa, em resposta a crescentes ameaças à segurança, como a invasão da Ucrânia pela Rússia em 2022.
Os Estados Unidos também estão “investindo fortemente” em recursos espaciais para apoiar a coleta de informações e operações militares, segundo um relatório recente de analistas do Citi.
Entretanto, grandes empresas de defesa tradicionais, como a Airbus, enfrentam forte concorrência de novas empresas que surgiram como alternativas para o rápido desenvolvimento e implementação de capacidades “de próxima geração”.
A redução de postos de trabalho na Airbus não é o primeiro sinal de dificuldades para o fabricante, que, juntamente com a Boeing, domina a produção mundial de aeronaves comerciais.
Em junho, a Airbus informou que problemas na cadeia de suprimentos a forçaram a reduzir a quantidade de aviões que espera produzir este ano e no próximo.
A Boeing, por sua vez, enfrenta problemas ainda maiores, tendo anunciado no início deste mês a redução de 10% de sua força de trabalho global nos próximos meses. A divisão de defesa da empresa registrou um prejuízo de 913 milhões de dólares nos três meses encerrados em junho, e em setembro, Ted Colbert, chefe da unidade Defesa, Espaço e Segurança, deixou o cargo.
A Boeing acumulou perdas operacionais de mais de 33 bilhões de dólares desde 2019 e está sob a supervisão dos reguladores devido a uma série de falhas de segurança, algumas fatais, nos últimos anos. Cerca de 33.000 de seus trabalhadores também estão em greve por questões salariais e de condições de trabalho.