Possível adversário do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de 2026, o governador Ronaldo Caiado (União Brasil) retornou a Brasília para uma reunião com o petista na tarde desta quinta-feira (31). Este foi o primeiro encontro entre eles desde o término das eleições de 2024. Embora a política não esteja oficialmente na pauta, o recente embate eleitoral e as divergências sobre segurança pública são temas centrais da conversa.

Caiado busca se distanciar do bolsonarismo após sua vitória sobre o correligionário e ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em Goiânia, onde derrotou Fred Rodrigues (PL). Ele tenta posicionar seu nome dentro de uma direita moderada, sem abrir mão de suas críticas ao governo federal liderado por Lula.

Ao chegar ao Palácio do Planalto para uma reunião dos governadores com o presidente Lula, o chefe do Executivo de Goiás afirmou que só descobriu o conteúdo da chamada proposta de emenda à Constituição (PEC) da Segurança, tema do encontro, por meio da imprensa. E reclamou do teor do texto: “Retirar prerrogativas dos estados e concentrar prerrogativas na União, isso é inaceitável, inadmissível e sem dúvida, esse projeto que foi, de certa maneira… Eu como governador fiquei sabendo por vocês, pela mídia”.

Caiado, que já fez severas críticas à política de segurança pública do governo, acusa o Planalto de ser leniente no combate às facções criminosas. Em entrevista à Revista Veja em maio, ele afirmou que a administração federal "está acovardado diante do enfrentamento às facções no Brasil" e classificou o debate sobre câmeras corporais para policiais como "uma farsa". Para ele, o principal desafio é o avanço do narcotráfico, que está cada vez mais infiltrado na economia e na política do país.

O governador também se orgulha da política de tolerância zero adotada em Goiás, afirmando que “não há um metro de terra comandado por faccionados” em seu estado. Para Caiado, é fundamental que a polícia atue sem restrições, assegurando a segurança da população e combatendo o narcotráfico sem oferecer "guarida a bandido". Segundo ele, essa postura contrasta com a abordagem do governo federal, que defende uma segurança pública mais equilibrada, integrando controle social e políticas de prevenção, embora essa estratégia não tenha mostrado resultados eficazes.

Continuando, Caiado expressou sua posição sobre a PEC: “Eu sequer soube do assunto. Ao se discutir uma matéria como essa, deveria passar por uma análise detalhada antes de vir para um reunião mais ampla. Mas a posição minha como governador do estado vai ser exatamente: se quer uma PEC, transfira para os estados o poder de legislar sobre legislação penal e carcerária”. O projeto, sob coordenação do ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, será apresentado às autoridades durante o encontro, buscando, entre outros assuntos, ampliar as atribuições da Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal.