Lira usa emendas como combustível para eleger sucessor na Câmara
Em 48 horas, deputado encaminhou vitória de Hugo Motta, com apoio de PT e PL Arthur Lira está a um passo de emplacar o sucessor. Na terça-feira, o chefão da Câmara formalizou o lançamento de Hugo Motta. Em 48 horas, seu escolhido já reunia um amplo leque de apoios, do PT de Lula ao PL de Jair Bolsonaro.
Arthur Lira é um passo de emplacar o sucessor. Na terça-feira, o chefão da Câmara formalizou o lançamento de Hugo Motta. Em 48 horas, seu escolhido já reuniu um amplo leque de apoios, do PT de Lula ao PL de Jair Bolsonaro.
Motta tem 35 anos e exerce o quarto mandato. É filiado aos Republicanos, uma das maiores siglas do Centrão. Projetou-se como soldado da tropa de choque de Eduardo Cunha. Agora bate continência para Lira e para o presidente do PP, Ciro Nogueira.
Se não houver uma reviravolta até fevereiro, Motta tenderá a ser eleito com facilidade. Lira usou a força do cargo para tratorar rivais e comparar partidos à esquerda e à direita. Ontem o União Brasil rifou Elmar Nascimento. O PSD ainda mantém António Brito, mas não costuma entrar em batalhas perdidas.
As adesões do PL e do PT passaram por longos debates ideológicos. A sigla de Bolsonaro defendeu a anistia para os golpistas. A de Lula pediu boa vontade com as pautas do governo. Num arroubo fisiológico, ainda barganhou a indicação de um petista para o Tribunal de Contas da União.
Motta anotou os pedidos, mas não deu garantias. Sabe que está muito perto da cadeira e considera que só terá dívidas com seus amigos do Centrão.
As disputas pela presidência da Câmara costumavam ser mais agitadas. A crônica de Brasília registra múltiplos casos de traições e surpresas de última hora. Isso parece ter ficado para trás após a invenção do orçamento secreto e a explosão das emendas parlamentares.
Em 2023, Lira não superou rivais competitivos e foi reeleito com 464 votos num plenário de 513 deputados. Ontem os aliados de Motta brincaram que ele não poderia passar de 463, sob pena de ferir o orgulho do padrinho.
O combustível dessa máquina de fazer presidentes é uma farra das emendas, que Lira consolidou e Motta se esforçará para manter e ampliar.
Cavalo branco
Ronaldo Caiado andou se estranhando com Bolsonaro, mas não desistiu de liderar a direita radical em 2026. Ontem, na reunião de governadores com Lula, vociferou contra uma medida civilizatória: a adoção de câmeras nas fardas da PM. “Eu fui eleito. Não vou botar câmera em policial meu de alguma maneira”, esbravejou o governador de Goiás.