Brasil aquece mais que média global, alerta relatório governamental


Brasil aquece mais que média global, alerta relatório governamental Reprodução

As consequências do aquecimento global estão se tornando cada vez mais evidentes e próximas da realidade. Esse problema não se limita apenas a países da Europa, Ásia ou África; o Brasil também é afetado.


De acordo com o relatório ‘Mudança do Clima’, elaborado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação em colaboração com a Rede Clima, algumas regiões do país registraram um aumento de 3ºC nos últimos 60 anos, valor superior à média global nesse mesmo período.


Outro dado alarmante apresentado refere-se ao número de dias impactados por ondas de calor, definidas pela Organização Meteorológica Mundial (WMO) como períodos em que as temperaturas ficam 5ºC ou mais acima da média. Entre 1961 e 1990, a anomalia não ultrapassava sete dias. Esse número aumentou para 20 dias entre 1991 e 2000, para 40 dias de 2001 a 2010, e atualmente está em 52 dias entre 2011 e 2020.


“A partir da análise dos extremos de temperatura máxima, o estudo avaliou o índice de ondas de calor. Observou-se um aumento gradual das anomalias com o passar das décadas, para praticamente todo o território brasileiro”, diz o relatório.


Em 2023, considerado o ano mais quente da história do planeta segundo a Organização Meteorológica Mundial, a temperatura média no Brasil foi de 24,92ºC, 0,69°C acima da média histórica de 24,23°C, conforme dados do Instituto Brasileiro de Meteorologia (Inmet). Durante esse período, foram registrados nove meses com médias mensais de temperatura superiores ao esperado e nove ondas de calor.


A seca é uma das consequências da elevação das temperaturas. Em diversas partes do Brasil, especialmente nas regiões Centro-Oeste, Nordeste e Sudeste, além da área do Sudeste da Amazônia, a estiagem se intensificou nos últimos 40 anos. No Nordeste, os dias consecutivos sem chuva aumentaram de 80, entre 1961 e 1990, para 100 dias. A região amazônica enfrentou secas prolongadas em 2005, 2010 e 2023, enquanto o Nordeste sofreu com a estiagem de 2012 a 2015, e o Sudeste também foi afetado em três ocasiões: 2001, 2014/2015 e 2020/2021.


De acordo com o relatório, os eventos extremos registrados no Brasil durante o período de estudo, como enchentes, secas, queimadas e ondas de calor, foram provocados pelas mudanças climáticas, afetando principalmente as regiões mais pobres e vulneráveis do país.


Além dos problemas de infraestrutura, esses episódios aumentam o risco de surtos e epidemias, impactando também a esfera social.


Prejuízos na agricultura

Os longos períodos de seca resultaram em perdas significativas nas lavouras. No Nordeste, por exemplo, a área onde a agricultura se tornou inviável devido à estiagem e a práticas inadequadas de manejo alcançou 70 mil quilômetros quadrados.


Um caso notável ocorreu durante a seca de 2012, quando a produção de milho em Pernambuco foi drasticamente afetada, com perdas de até 99%. Outras culturas da região também sofreram danos, conforme relatado no documento. Nesse mesmo ano, apenas a soja não registrou perdas, enquanto os produtores de arroz, feijão e milho enfrentaram prejuízos em 2015 e novamente em 2017.


O que esperar do futuro?

Segundo o relatório do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, todas as regiões do mundo enfrentarão as consequências das mudanças climáticas nos próximos 30 anos. Espera-se que haja um aumento nas temperaturas, com períodos cada vez mais quentes e dias frios menos intensos e menos frequentes. “Em 2050, se o limite de 2ºC for atingido, limiares críticos para a saúde humana e a agricultura serão ultrapassados com mais frequência”.




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