A mágoa de Ronaldo Caiado com Bolsonaro

O Globo
A mágoa de Ronaldo Caiado com Bolsonaro (Reprodução)


A eleição municipal acabou, mas as feridas que ela deixou ainda vão demorar a cicatrizar. O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), ainda não engoliu a intromissão de Jair Bolsonaro na eleição em Goiânia (GO), onde o ex-presidente fez campanha para o adversário, Fred Rodrigues (PL). Se depender de Caiado, não vai haver nenhuma conversa com o ex-presidente e ex-aliado para fazer as pazes. 


“Não procurei, nem fui procurado. Não vou desviar meu foco de 2026, e meu foco é claro: eu sou candidato a presidente da República. Eu vou trabalhar pra isso, e cada um que tome seu boato”, disse Caiado quando derrotou se, na última eleição, ele considerou fazer as pazes com Bolsonaro.


O compromisso de Bolsonaro foi tão grande que ele chegou a ir no domingo concorrer a votação junto com Rodrigues, e ao longo da campanha só chamou o candidato de Caiado, Sandro Mabel, de “rosquinha”, além de acusar o governador de se aliar ao PT.


Caiado entrou na briga com todo o seu capital político e conseguiu eleger Mabel para a prefeitura no segundo turno com 55,53% dos votos válidos, contra 44,47% de Rodrigues. Seu partido, o União Brasil, elegeu 93 dos 246 prefeitos do estado. O PL de Bolsonaro, 25 prefeitos.


Apesar da vitória, o governador admitiu que o processo eleitoral em Goiás deixou mágoas que ele ainda não superou.


Todos nós temos mágoa. Quer dizer que eu não tenho sentimentos? Tenho! Por que motivo foi fazer isso lá em Goiás? Quer dizer que se eu estivesse lá no Rio de Janeiro apoiando o Eduardo Paes eu estaria tendo um comportamento correto? Não!”, diz o governador, para quem Bolsonaro foi desrespeitoso sem motivo. “Pela amor de Deus, eu fui vítima”, desabafa.


Lula sobe à rampa do Planalto acompanhado de José Alencar, seu vice, em 2003 — Foto: Ailton de Freitas

Em 2007, Lula subiu novamente à rampa do Planalto, acompanhado de seu vice, para ser empossado pela 2° vez — Foto: Gustavo MirandaDilma e o <br /> vice-presidente Michel Temer sobem a rampa do Palácio do Planalto: promessa da nova presidente é de manter a estabilidade econômica | Marcelo Casal/ABr

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Posses aconteceram em 2003, 2007, 2011, 2015, 2019 e 2023


Caiado conta que, antes do início da campanha, importava que Bolsonaro buscasse um “entendimento” em torno da distribuição de seus candidatos competitivos nas cidades mais importantes, de modo que não precisassem disputar.


“Eu fui até Brasília encontrei com ele, estive com ele na Paulista em fevereiro, sempre fomos aliados. E de repente ele alega que não veio comigo na pandemia de Covid. Lembrou disso agora?”, diz o governador.


Caiado diz ainda que, no ano que vem, vai percorrer o país para viabilizar sua candidatura a presidente pelo União Brasil, representando a direita. Se depender dele, o assunto Bolsonaro está sepultado, sem conversa nem apaziguamento. “Para essas coisas tem que dar tempo ao tempo”.




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