Desembargadora fala de execução de delator do PCC no Aeroporto de Guarulhos

Estadão
Desembargadora fala de execução de delator do PCC no Aeroporto de Guarulhos Atentado a tiros ocorreu na tarde de sexta no Aeroporto de Guarulhos Foto: Italo Lo Re/Estadão

Se confirmada a autoria do Primeiro Comando da Capital (PCC) no atentado que resultou na morte do empresário Antonio Vinicius Lopes Gritzbach na tarde de sexta-feira, 8, no Aeroporto de Guarulhos, na Grande São Paulo, a desembargadora Ivana David avalia que o crime representa o "ápice da audácia" da facção. O empresário havia feito um acordo com as autoridades para delatar esquemas ligados à organização criminosa e foi executado a tiros. A juíza, com vasta experiência em casos envolvendo organizações criminosas, afirma que o atentado segue a lógica do PCC, cumprindo as diretrizes do grupo que orientam sua conduta desde sua fundação, há mais de 30 anos.

A facção, de acordo com Ivana David, não mudou ao longo do tempo. O que de fato mudou foi o perfil dos envolvidos: antes, a facção era composta por pequenos traficantes e ex-presidiários; hoje, a organização conta com integrantes mais poderosos e com maior acesso a recursos financeiros, o que reflete a expansão e o aumento da complexidade das operações do PCC.

Sobre o crime ocorrido no aeroporto, a juíza destaca a ousadia dos criminosos, que executaram a vítima em plena luz do dia, em um dos pontos mais movimentados do país, o maior aeroporto do Brasil, a uma sexta-feira à tarde. Ela considera que o local do atentado e a forma como foi realizado indicam um comportamento de extrema audácia, demonstrando que a facção está disposta a agir em lugares de grande visibilidade, ao contrário dos métodos discretos de antigamente, em que os assassinatos eram cometidos em locais ermos e escondidos.

Ivana também levanta a hipótese de que a vítima tenha sido monitorada antes do atentado, algo que reforça a estrutura crescente do PCC, que tem investido em inteligência para realizar esses crimes de forma cada vez mais precisa. A juíza acredita que o episódio reflete uma escalada da violência no Brasil, comparando-a à situação de países como o México, onde há uma intensa guerra entre cartéis de drogas. Ela alerta que o Brasil está cada vez mais próximo dessa "mexicanização" do crime organizado, já que o número de facções no país aumentou de forma alarmante nos últimos anos.

Para interromper o crescimento do narcotráfico e o poder das facções, Ivana David sugere que o Brasil adote uma abordagem similar à da Itália, que enfrentou com sucesso as máfias. Isso envolveria a investigação contínua das organizações criminosas, a desestruturação financeira dessas facções e o combate às suas lideranças. Ela destaca também a importância da cooperação internacional, pois o Brasil compartilha fronteiras com dez países e é o segundo maior consumidor de cocaína do mundo.

Por fim, a juíza critica a aplicação das leis no Brasil, ressaltando que o problema não está necessariamente nas leis em si, mas na forma como elas são interpretadas. Ela aponta que, por exemplo, a Lei de Organização Criminosa, que prevê penas de três a oito anos, frequentemente é relativizada pela jurisprudência, que oferece penas mais brandas com base em fatores como o gênero da ré, ou a sua função de "mula" no tráfico de drogas. A interpretação flexível da legislação tem dificultado a aplicação de uma punição efetiva aos criminosos.




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