Promotora afirma que advogados de Goiânia seguem 'código da bandidagem' em julgamento no MT

O Popular
Promotora afirma que advogados de Goiânia seguem 'código da bandidagem' em julgamento no MT Clarissa Cubis de Lima Canan, promotora que teria dito que advogados de Goiânia seguem "código da bandidagem" em foto divulgada pelo MPMT e durante o julgamento em Barra do Garças (Reprodução MP do Mato Grosso)

Uma promotora de Justiça de Mato Grosso, Clarissa Cubis de Lima Canan, causou polêmica durante um julgamento realizado em Barra do Garças ao acusar dois advogados de Goiânia de seguirem o "código da bandidagem". O episódio foi registrado em vídeo, no qual a promotora afirma que não tolera que advogados venham de Goiânia para "fazer malandragem" em sua comarca.

“Os senhores seguem o código da bandidagem. Não vou admitir maracutaia aqui na minha frente. Aqui é a minha comarca. Não admito que venham de Goiânia fazer malandragem aqui. Aqui tem ordem!", disse Clarissa, visivelmente irritada.

Em resposta, o advogado Jefferson Adriano Ribeiro Junior questionou: “Isso é um absurdo! Código de bandidagem?”. Já Letícia David Moura, outra advogada envolvida, afirmou: “Estamos exercendo o direito de defesa. Não somos bandidos, tenha respeito. A promotora atingiu diretamente a nossa defesa e nos colocou no mesmo nível dos réus".

O incidente ocorreu em 30 de outubro deste ano, durante o interrogatório de um réu que optou pelo direito constitucional ao silêncio, o que aparentemente causou a revolta da promotora. Letícia comentou que a fala de Clarissa não se tratou apenas de uma ofensa pessoal, mas representou um ataque direto à advocacia, criminalizando a profissão sem qualquer fundamento. Para ela, acusações desse tipo colocam em risco a liberdade de atuação dos advogados e, consequentemente, o direito à defesa dos réus.

Segundo a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) – Seção Goiás, a promotora também insinuou durante a sessão que os advogados seriam financiados por atividades ilícitas, associando-os ao tráfico de drogas e a organizações criminosas. Letícia ressaltou que a fala da promotora viola os deveres de ética e urbanidade, prejudicando a confiança da sociedade nas instituições responsáveis pela justiça. Ela também destacou que esse tipo de atitude coloca em risco o exercício da defesa no Brasil e atenta contra as prerrogativas da advocacia.

“Esse tipo de desrespeito atinge não apenas os advogados individualmente, mas toda a classe. A advocacia precisa se unir para combater esse abuso, que compromete o direito de defesa e a garantia de uma justiça imparcial”, afirmou Letícia.

Medidas adotadas

Em resposta à atitude da promotora, Letícia afirmou que a advocacia não deve ser criminalizada e que foram tomadas medidas legais para assegurar o respeito ao processo legal e às prerrogativas dos advogados. A advogada explicou que, após o incidente, foram feitas gravações em áudio que comprovam a acusação absurda de que os advogados estavam seguindo um "código da bandidagem".

A OAB-GO solicitou à Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Mato Grosso (OAB-MT) que instaurasse um procedimento investigativo sobre o caso e encaminhou uma reclamação disciplinar ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), pedindo o afastamento da promotora.

O POPULAR entrou em contato com o CNMP por e-mail para obter um posicionamento sobre o caso, mas não obteve resposta até a última atualização da reportagem. O mesmo ocorreu com o Ministério Público de Mato Grosso (MP-MT), que também foi contatado por e-mail e não se pronunciou até o fechamento da matéria.




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