Exportação de carne bovina deve manter ritmo firme mesmo com oferta menor e soluços da China

GLOBO RURAL
Exportação de carne bovina deve manter ritmo firme mesmo com oferta menor e soluços da China Eficiência da pecuária brasileira é apontada como diferencial competitivo no mercado internacional — Foto: Ernesto de Souza/Ed.Globo

Apesar da expectativa de uma redução na oferta de gado em 2025, devido à virada do ciclo pecuário no Brasil, as exportações de carne bovina devem continuar em alta, de acordo com fontes do setor. De janeiro a outubro deste ano, o Brasil exportou 2,4 milhões de toneladas de carne bovina, o que representa um crescimento de quase 30% em comparação ao mesmo período de 2023, conforme dados da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec).

Embora o ritmo de crescimento da economia da China, principal destino das exportações brasileiras de carne, tenha mostrado sinais de desaceleração, a demanda internacional deve seguir firme, segundo empresários e executivos do setor. Durante o Sial – Salon International de l’Agroalimentaire, realizado em outubro em Paris, o sentimento geral entre os profissionais da indústria foi de otimismo para o próximo ano.

A visão predominante é que o Brasil continuará conquistando espaço no mercado internacional, especialmente em um cenário em que outros grandes exportadores, como os Estados Unidos e países da Europa, já enfrentam dificuldades no setor pecuário.

Otimismo do setor

Fernando Galletti de Queiroz, CEO da Minerva, acredita que a América do Sul tem potencial para ocupar um espaço maior no mercado global. A Minerva, que possui 46 unidades em sete países (Brasil, Paraguai, Argentina, Uruguai, Colômbia, Chile e Austrália), recentemente adquiriu 13 plantas da Marfrig, ampliando sua presença. Queiroz enfatizou que, embora haja uma redução prevista na oferta de gado em 2025, o número de bezerros nascidos em 2023 (para abate em 2025 e 2026) é suficiente para garantir a continuidade da produção. Além disso, o pecuarista brasileiro, segundo ele, tem se mostrado “muito eficiente”, utilizando subprodutos como o DDG para complementar a alimentação do gado, o que ameniza os impactos de uma seca recente que afetou as pastagens.

Outro fator que deve impulsionar as exportações brasileiras é a expectativa de que a oferta de gado para abate nos Estados Unidos demore mais alguns anos para se normalizar. O mercado norte-americano tem experimentado uma escassez de animais, o que tem impulsionado as importações de carne, especialmente do Brasil. Entre janeiro e setembro de 2024, os Estados Unidos importaram quase 1,1 milhão de toneladas de carne bovina, um aumento de 16% em relação ao mesmo período de 2023. As importações brasileiras aumentaram 62%, somando 122,5 mil toneladas.

O papel do câmbio

Além dos fatores estruturais, o câmbio também tem sido um aliado das exportações brasileiras. O valor do dólar tem tornado a carne bovina do Brasil ainda mais competitiva no mercado internacional, já que os exportadores recebem mais reais a cada dólar negociado. Mesmo com a recente alta da arroba do boi no mercado interno, o preço da carne brasileira permanece atraente para os compradores internacionais. Segundo a Scot Consultoria, no início de novembro, o preço da arroba do boi no Brasil era equivalente a US$ 55,32, bem abaixo do preço registrado em outros países produtores de carne, como a Argentina (US$ 61,20) e os Estados Unidos (US$ 98,85).

Mercado chinês

A China segue sendo o principal destino das exportações de carne bovina brasileira. De janeiro a outubro de 2024, a China importou mais de 1 milhão de toneladas, um aumento de 12,7% em relação ao mesmo período de 2023. Embora o crescimento econômico da China tenha mostrado sinais de desaceleração, a demanda pelo produto brasileiro continua a crescer. No Sial, Queiroz, da Minerva, comentou que o ritmo mais lento do PIB chinês pode levar os consumidores a substituírem produtos mais caros por opções mais acessíveis, mas também destacou que houve uma retomada nas compras chinesas após um período de menor demanda devido ao grande abate de bovinos realizado no país.

Outro executivo da indústria afirmou que, após uma fase de excesso de oferta de boi na China, o mercado está se recuperando, com aumento nos preços da carne e nas vendas. Antônio Camardelli, presidente da Abiec, também se mostrou otimista em relação às importações da China, mesmo com o menor crescimento econômico. Segundo ele, o volume de carne exportado para a China em setembro e outubro de 2024 foi expressivo, com o país importando 136 mil toneladas em setembro e quase 160 mil toneladas em outubro. “Mesmo que a China desacelere, os volumes serão muito maiores do que os exportados para qualquer outro país”, afirmou Camardelli.

Perspectivas para o futuro

Com uma oferta estável de carne bovina e uma demanda crescente, especialmente de mercados como a China e os Estados Unidos, as perspectivas para as exportações brasileiras de carne bovina em 2025 são positivas, apesar de um ciclo pecuário que deve resultar em uma oferta menor de gado no Brasil. O setor continua confiante de que o Brasil manterá sua posição de liderança no mercado global, aproveitando sua competitividade de preços e a eficiência do produtor nacional para atender à demanda internacional crescente.




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