Confira dez possíveis impactos na economia após a eleição de Trump nos EUA, da inflação ao emprego
Presidente americano eleito promete taxar importados e outras políticas protecionistas, o que pode causar aumento de preços e de juros
Caso Donald Trump cumpra suas promessas de campanha em seu retorno à Presidência dos Estados Unidos, a partir do próximo ano, a economia deve enfrentar profundas transformações.
Em uma direção, espera-se uma virada protecionista com maior rigor contra produtos importados, especialmente da China. Trump pretende aplicar tarifas entre 10% e 20% sobre quase todas as importações dos EUA, incluindo as de países aliados, e cerca de 60% nas provenientes da China.
Analistas apontam que essas políticas devem pressionar a inflação e elevar as taxas de juros. Nesse cenário, instituições como o Fed (Banco Central dos EUA) e a OMC (Organização Mundial do Comércio) terão de lidar com mais embates com a Casa Branca. Confira como essas propostas podem impactar a economia global.
Agronegócio
As áreas agrícolas dos EUA podem ser prejudicadas. Em 2023, o déficit comercial agropecuário foi de US$ 21 bilhões, e já soma US$ 27 bilhões em 2024. A China, grande cliente, poderia migrar para fornecedores como o Brasil, mas cortes na importação chinesa também podem afetar a demanda por commodities brasileiras. As exportações brasileiras de carne bovina aos EUA, que estavam em expansão, também podem ser impactadas.
Desequilíbrio fiscal
Trump prometeu reduzir impostos para os mais ricos, o que poderia incentivar investimentos e crescimento econômico, mas reduziria a arrecadação. O CBO já projeta déficits elevados para os próximos anos: US$ 1,8 trilhão em 2024, e até US$ 2,9 trilhões em 2034.
Energia limpa
Embora Trump favoreça a produção de petróleo e gás, é improvável que desacelere o avanço das energias renováveis devido aos subsídios em vigor. Ele planeja acabar com o setor eólico offshore, alegando riscos ambientais e altos custos.
Guerra comercial
Trump propôs tarifas agressivas contra a China, além de 10% sobre produtos importados de outros países, defendendo que isso revitalizaria a indústria americana e aumentaria a receita.
Independência do Fed
Apesar de a Casa Branca não ter controle direto sobre o Fed, as pressões de Trump podem interferir nas políticas de juros, e ele já declarou que não indicaria Jerome Powell para um novo mandato.
Inflação
Combinada com cortes de impostos e interferências na política de juros, a agenda de Trump poderia intensificar a pressão inflacionária.
Juros
Com a inflação em alta, o Fed provavelmente manteria os juros elevados, impactando a economia global e dificultando cortes na Selic no Brasil.
Mercado de trabalho
Trump pretende endurecer as políticas de imigração, o que poderia gerar escassez de mão de obra e pressão inflacionária nos EUA.
Organismos internacionais
Tarifas agressivas e esperada retaliação da China podem enfraquecer a OMC e outros organismos internacionais, retomando o desgaste visto no primeiro mandato de Trump.
Regulação e grandes empresas
Trump poderia reduzir políticas antitruste contra grandes empresas de tecnologia, incluindo o processo contra o Google, e suavizar políticas de fusão dos democratas, o que o mercado vê como restritivas.