Homem é morto menos de 24h após comentar execução
Quando Luís Carlos Inácio, conhecido como Jordi, mencionou a uma conhecida que sabia sobre a autoria de um homicídio ordenado pelo "tribunal do crime," ele não imaginava que, em menos de 24 horas, seu próprio destino estaria selado.
Apontado como membro do Primeiro Comando da Capital (PCC), Jordi foi morto por integrantes da mesma facção. Seu corpo foi encontrado no dia 7 de janeiro em uma rua de Taquaritinga, no interior paulista, cidade conhecida por ser o principal local onde réus do PCC são enviados para serem julgados pelo líder local, Alexsandro Cardoso Mota, apelidado de Satanás.
O motivo de sua execução foi revelado em mensagens interceptadas pela Polícia Civil entre uma mulher e seu namorado, membro do PCC que trabalha sob as ordens de Satanás. As mensagens de WhatsApp ajudaram a identificar Jordi como responsável por comentar sobre a autoria do homicídio, resultando em sua morte por “ter falado demais.”
As conversas também auxiliaram na identificação de um dos carrascos envolvidos no assassinato de Douglas Pereira de Sobral, o Dodô, cujo corpo foi encontrado em um cemitério clandestino no início de janeiro. Segundo a investigação, Dodô foi executado por tentar matar Pé na Porta, um membro do PCC.
As mortes de Dodô e Jordi foram atribuídas a ordens internas da facção. Dodô teria sido morto por ordens de Satanás, enquanto a morte de Jordi foi determinada por José Adilson dos Santos, o Charutinho, que agiu sem o aval de Satanás, contrariando as regras da facção.
A descoberta desse núcleo de poder dentro do PCC em Taquaritinga, sob comando de Satanás, ocorreu após o encontro de um cadáver durante uma ronda da Polícia Militar. Satanás faz parte da "Sintonia dos 14", grupo responsável por coordenar e executar as regras do PCC em 14 regiões de São Paulo. Com reuniões virtuais e presenciais, esses líderes realizam julgamentos em tribunais paralelos e têm ao menos dez mortes atribuídas a suas ações oficiais, sendo seis só em 2024. Satanás controla a região desde 2010 e, embora tenha a prisão decretada, ainda permanece foragido segundo o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP).