Falta de vacinas atinge Goiás, DF e outros 10 estados por falha do Ministério da Saúde

Metrópoles
Falta de vacinas atinge Goiás, DF e outros 10 estados por falha do Ministério da Saúde Reprodução

Goiás, o Distrito Federal e mais 10 estados estão enfrentando falta de vacinas, conforme levantamento realizado pela coluna junto às secretarias estaduais de Saúde. Os estados afetados são: Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Paraná, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, São Paulo e Tocantins.


O desabastecimento inclui vacinas contra Covid-19, meningite, pneumonia, HPV, sarampo, caxumba e rubéola, entre outras.


Além disso, três estados (Acre, Maranhão e Rio de Janeiro) relataram a falta de imunizantes ao longo de 2024, mas informaram que a situação já foi normalizada. Bahia, Ceará e Espírito Santo negaram o desabastecimento, enquanto nove estados (Alagoas, Amapá, Amazonas, Mato Grosso do Sul, Pernambuco, Piauí, Rondônia, Roraima e Sergipe) não responderam aos questionamentos.


  • Goiás - Varicela e DTP
  • Distrito Federal- Varicela, HPV, febre amarela, tríplice viral e tríplice bacteriana (DTP)
  • Mato Grosso - Varicela, febre amarela e tríplice viral
  • Minas Gerais - Varicela
  • Pará - Varicela, febre amarela e HPV
  • Paraíba - Varicela, febre amarela, DTP e DTPa acelular (Crie)
  • Paraná - Varicela e Covid-19 para crianças
  • Rio Grande do Norte - Varicela, febre amarela e DTP
  • Rio Grande do Sul - Varicela
  • Santa Catarina - Varicela, DTP, Febre Amarela e DTPa acelular (Crie)
  • São Paulo - Vacina tetraviral e febre amarela
  • Tocantins - Varicela, DTP, febre amarela, DTPa acelular (Crie) e HPV


Além da escassez de vacinas no país, a coluna revelou na semana passada que o Ministério da Saúde incinerou 10,9 milhões de vacinas em 2024, após o vencimento do prazo de validade. A maior parte das perdas refere-se a imunizantes contra a Covid-19, mas também há doses para febre amarela, tétano, gripe e outras doenças. A quantidade de imunizantes desperdiçados pode ser ainda maior, já que o estoque do Ministério da Saúde contém outras 12 milhões de doses que já venceram e ainda não foram incineradas.


Em nota, o Ministério da Saúde afirmou que “não há falta de vacinas no país”. No entanto, o levantamento realizado pela coluna aponta o contrário. A pasta não respondeu ao pedido de comentários sobre os dados de desabastecimento.


Vacinas em falta nos estados

Onze das 12 unidades federativas que confirmaram a falta de vacinas não possuem o imunizante contra a varicela, mais conhecida como catapora. A única exceção é São Paulo. O Distrito Federal informou que substitui a vacina pela tetraviral, que está em falta em São Paulo e também previne sarampo, caxumba e rubéola.


O Paraná não possui imunizantes contra a Covid-19 para crianças. De acordo com o Ministério da Saúde, a doença já causou 5,1 mil mortes no Brasil em 2024.


Seis estados e o Distrito Federal não têm a vacina contra febre amarela. Além disso, a capital federal, o Pará e o Tocantins não contam com o imunizante contra HPV, que previne cânceres e verrugas genitais, e que não pode ser substituído no Sistema Único de Saúde (SUS).


Cinco estados, além do DF, não possuem a vacina tríplice bacteriana (DTP), que protege contra difteria, tétano e coqueluche. O Distrito Federal e Goiás informaram que a substituem pela pentavalente, que inclui proteção contra hepatite B e Haemophilus influenzae tipo b (Hib), causadora de pneumonia, meningite, otite e epiglotite.


Ainda faltam a tríplice viral (contra sarampo, caxumba e rubéola) no DF e a dTpa acelular — também contra difteria, tétano e coqueluche, mas indicada para grupos específicos nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (Crie) — em Mato Grosso, Paraíba, Santa Catarina e Tocantins.


O Pará relatou, no último Informe de Distribuição de Imunobiológicos do Ministério da Saúde, a falta das vacinas contra varicela, febre amarela e HPV devido a “problemas com o fornecedor”. Nenhuma unidade federativa informou uma previsão de reposição.


Gargalo de vacinas

O Rio de Janeiro mencionou que enfrenta “ausências pontuais no fornecimento de alguns imunizantes” ao longo do ano, que podem ser substituídos, minimizando assim o impacto na vacinação. O Acre, por sua vez, informou ter enfrentado “desabastecimento parcial” de imunizantes contra hepatite A, HPV, tríplice viral, febre amarela, Covid-19 e varicela. O Amazonas aguarda o envio de novas remessas de imunizantes, sem especificar quais.


Além disso, o Maranhão relatou falta de vacinas contra Covid-19 para crianças, mas já recebeu uma remessa em outubro deste ano. A coluna tentou obter mais respostas desses estados, mas não obteve retorno.


O Espírito Santo regularizou a distribuição de vacinas ao longo de 2024. Por outro lado, a Bahia informou que não enfrenta falta de vacinas neste ano, mas vive um “abastecimento irregular” de doses contra febre amarela, que se encontra em nível crítico devido a questões logísticas e problemas de qualidade na produção por parte do fornecedor. Roraima, por sua vez, não respondeu aos questionamentos, transferindo a responsabilidade para o Ministério da Saúde.


Por que a aplicação de vacinas está abaixo da meta?

A crise de vacinação no Brasil não se deve apenas à desinformação, à baixa percepção de risco das doenças, ao medo de efeitos colaterais e à dificuldade de acesso aos postos de saúde, segundo especialistas. A escassez de oferta de imunizantes também é um fator que contribui para que as taxas de cobertura, estipuladas pelo ministério, não atinjam a meta, que varia de 90% a 95%.


“Se a gente abaixa a cobertura, há todo o impacto na volta de doenças”, declarou o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), Renato Kfouri.


Para o pediatra infectologista, trata-se de um “problema importante das coberturas vacinais”. O desafio tende a aumentar não só no Brasil, mas também no mundo.


“A produção de vacinas não vem acompanhando o aumento no consumo no planeta. Hoje, a demanda é muito grande, e a oferta, nem tanto, a ponto de, numa epidemia de febre amarela, precisar fracionar doses”, completou.


Desde 2016, o Brasil tem registrado uma diminuição nas taxas de vacinação contra meningite e HPV. No entanto, esses índices foram parcialmente revertidos, apresentando um aumento em 2023.




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