Um a cada três professores não é formado na disciplina que leciona, mostra Anuário Brasileiro da Educação Básica
Um a cada três professores não é formado na disciplina que leciona, mostra o Anuário Brasileiro da Educação Básica, relançado pelo Todos Pela Educação, Fundação Santillana e Editora Moderna. De acordo com a publicação, que volta a ser produzida depois de duas anos de hiato, apenas 68% dos docentes da rede pública possuem formação adequada na disciplina da qual dão aula. Nos anos finais do ensino fundamental, a situação é ainda pior: 59%.
— Por trás desses dados estão problemas estruturais na formação docente, como ociosidade e evasão nos cursos de Licenciatura, além do baixo índice de formandos que, de fato, exercem a carreira em salas. Na tentativa de superar esses desafios, o conjunto de políticas a serem adotadas pelo Ministério da Educação deve passar por medidas como a oferta de bolsas para incentivar a atratividade dos cursos e combater a evasão, além de incentivar a segunda licenciatura para aqueles que já estão nas redes — afirmou Priscila Cruz, presidente-executiva do Todos Pela Educação.
Na educação infantil, são 20,5% dos professores que não têm graduação alguma. No ensino médio, esse patamar é bem menor, de apenas para 4%.
Lançado nesta quarta-feira, o Anuário Brasileiro da Educação Básica reúne série de dados públicos, com objetivo de contribuir com o monitoramento de dados e com qualificação do debate educacional, permitindo um vasto e profundo campo de análise para diferentes públicos.
Diferente das anteriores, a nova edição tem como foco a rede pública da Educação Básica e está dividida por temáticas que passam da Educação Infantil à formação de professores; da aprendizagem à infraestrutura; da gestão escolar à tecnologia. A publicação conta ainda com um capítulo exclusivo dedicado às Relações Étnico-Raciais na Educação e traz também novos levantamentos a partir dos últimos dados do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) e Saeb (Sistema de Avaliação da Educação Básica).
— Mantemos a decisão de retratar a Educação brasileira a partir do recorte da rede pública, por entendermos que é o lugar em que o monitoramento dos dados e a aplicação de políticas educacionais têm o maior impacto. Também é a Educação Pública que precisa avançar para reduzir as graves desigualdades de nossa sociedade — afirma Priscila.