Segurança de Gusttavo Lima, ligado a delator do PCC, esteve em festa na Grécia com ministro e Caiado


Segurança de Gusttavo Lima, ligado a delator do PCC, esteve em festa na Grécia com ministro e Caiado Reprodução

O empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, que mantinha relações com a organização criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), foi assassinado no aeroporto de Guarulhos. Informações do site Goiás 24 horas indicam que ele teria realizado visitas a Goiânia dias antes de sua morte, incluindo uma passagem por um renomado condomínio de luxo na capital.


Uma matéria do Metrópoles revela que um dos policiais mencionados na delação premiada de Gritzbach é Rogério de Almeida Felício, conhecido como "Rogerinho". Em um trecho da delação, Gritzbach cita áudios que comprovam "ilicitudes e arbitrariedades" envolvendo Fabio Baena e sua equipe, que inclui Rogerinho e Eduardo Monteiro.


Rogerinho, que se apresenta como segurança do cantor sertanejo Gusttavo Lima e é proprietário de uma incorporadora no litoral sul de São Paulo, recebe um salário de R$ 7 mil como policial civil. Ele foi visto em uma grandiosa festa de aniversário de Gusttavo Lima, realizada em um iate na Grécia, onde também estavam o governador Ronaldo Caiado (UB) e Ricardo Nunes, ministro do STF. Outros convidados notáveis incluíam Fernando Oliveira Lima, conhecido como "Fernandin OIG", e sua namorada Pâmela Drudi, além de Pedro Lourenço, dono da rede de supermercados BH, e o casal Alessandro e Georgia Alarcão, dentistas famosos no meio sertanejo.



Gustavo Lima ao lado do governador Ronaldo Caiado, do empresário José André e o ministro do STF, Kassio Nunes Marques.


Recentemente, Gusttavo Lima e a influenciadora digital Deolane Bezerra estão sendo investigados pela Justiça de Pernambuco por suspeitas de lavagem de dinheiro relacionadas à empresa Vai de Bet, da qual Gusttavo é sócio junto com os empresários José André da Rocha Neto e Aislla Sabrina. Eles foram levados em um jato Gulfstream, de 2005, para a festa na Grécia. Este avião pertence à "Balada Eventos e Produções LTDA.", empresa responsável pela organização dos shows do cantor, que também está sob investigação.


As apurações indicam que Gusttavo Lima e Deolane realizaram transações financeiras com a HSF Entretenimento, cujos proprietários estão sendo investigados por lavagem de dinheiro e vínculos com o jogo do bicho. O Jornal O Globo informou que a Operação Integration solicitou a prisão de Gusttavo Lima, além de pedidos de sequestro de bens e bloqueio de R$ 2 milhões. A juíza Andrea Calado da Cruz apontou que a empresa Balada Eventos e Produções seria responsável por ocultar valores provenientes de jogos ilegais da HSF Entretenimento, que recebeu R$ 9,7 milhões da empresa do sertanejo em duas transações em abril e maio de 2023. Além disso, a Balada Eventos teria atuado para dissimular a propriedade de uma aeronave Cessna modelo 560XLS, negociando-a com a empresa J. M. J. Participações, ligada a um dos investigados, José André da Rocha.


Relação das apostas com o crime organizado

A Revista Piauí teve acesso a investigações que revelam a conexão entre o Comando Vermelho (CV) e o Primeiro Comando da Capital (PCC). Em setembro de 2021, a liderança do CV no Ceará enviou um "salve" a seus membros, proibindo a operação de jogos de azar controlados pelo PCC nas áreas sob seu domínio, onde as duas facções disputam violentamente o território. 


Essa proibição abrange máquinas caça-níqueis, bancas de jogo do bicho e uma modalidade de jogo em ascensão no país: os sites de apostas esportivas, conhecidos como "bets". Embora sejam predominantemente online, as "bets" também podem ser encontradas em pontos de jogo do bicho. A mensagem do CV identificou seis empresas, incluindo a Fourbet e a Loteria Fort, e alertou que qualquer liderança local que não impedisse a operação dessas empresas "poderá perder a vida ou sua boca de fumo por compactuar com o alemão [traidor]".


Investigações

Atualmente, o Ministério Público e órgãos policiais em todo o Brasil estão conduzindo pelo menos 80 investigações contra sites e empresas de apostas online, conhecidas como "bets", conforme levantamento do jornal Gazeta do Povo. Muitas dessas "bets" se tornaram ferramentas para facções criminosas, como o CV e o PCC, e para bicheiros lavarem dinheiro e arrecadarem recursos em jogos onde o apostador frequentemente sai perdendo.


As "bets" incluem tanto casas de apostas esportivas, onde os clientes apostam em resultados de competições oficiais, quanto cassinos do tipo caça-níquel, onde os apostadores compram créditos para participar de jogos de azar que prometem prêmios em dinheiro.


Um levantamento realizado pelo instituto de pesquisas em tecnologia Datahub, em abril deste ano, identificou 217 empresas de "bet" registradas legalmente no Brasil. Consultorias independentes estimam que existem mais de 400 sites ativos no país atualmente. No entanto, apenas uma parte desses sites está sob investigação; outros operam como casas de apostas legítimas.


A Gazeta do Povo pesquisou na Justiça dos 26 estados e do Distrito Federal e encontrou, neste mês, 80 procedimentos criminais em andamento ou recentemente abertos relacionados às "bets". A maioria dessas investigações envolve crimes de lavagem de dinheiro, estelionato, formação de quadrilha e participação em organização criminosa.


“Precisamos avaliar que é só uma parcela de bets que se utiliza destas estruturas de aposta para ações ilegais, mas criminosos viram nelas essa possibilidade e estão se aproveitando disso”, avalia o advogado Márcio Berti, especialista em Direito Penal


Gritzbach foi executado em Guarulhos

Antônio Vinícius Lopes Gritzbach foi assassinado na tarde da última sexta-feira (8/11) enquanto retornava de uma viagem com a namorada. O crime ocorreu na área de desembarque do Terminal 2 do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos. Segundo informações apuradas pelo Metrópoles, Gritzbach foi atingido por um tiro de fuzil no rosto. Câmeras de segurança registraram o momento em que os atiradores desembarcaram de um carro preto e executaram o empresário.


Além de Gritzbach, outras três pessoas, que não tinham qualquer ligação com ele, ficaram feridas, conforme um documento da Polícia Civil obtido pela reportagem. Entre os feridos está o motorista Celso Araújo Sampaio de Novais, de 41 anos, que faleceu um dia após ser internado na Unidade de Tratamento Intensivo do Hospital Geral de Guarulhos. As outras duas vítimas, com idades de 28 e 39 anos, estão se recuperando bem.




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