Nadando contra a corrente, Brasil se une à ONU e Unesco para combater a desinformação climática no G20

Folha de S. Paulo
Nadando contra a corrente, Brasil se une à ONU e Unesco para combater a desinformação climática no G20 Reprodução

Em um cenário marcado por um governo Trump que adota uma postura antimultilateralista, critica o combate à desinformação e é cético em relação às mudanças climáticas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciará, na próxima terça-feira (19), durante a cúpula do G20, o lançamento de um fundo destinado ao combate à desinformação climática, em parceria com a ONU e a Unesco.


Intitulada "Iniciativa Global para a Integridade da Informação sobre Mudança Climática", essa entidade terá como objetivo direcionar recursos para pesquisas sobre desinformação relacionada ao tema, além de promover campanhas de esclarecimento e ações diplomáticas. A iniciativa estará aberta à adesão de outros países e já conta com o apoio da França.


Em seu discurso, Lula deve abordar os perigos do negacionismo climático e da desinformação, ressaltando a colaboração do Brasil com a ONU e a Unesco no enfrentamento do aquecimento global, conforme apurou a Folha. Essa estrutura é vista como um passo inicial para uma iniciativa multilateral mais abrangente no combate à desinformação em diversas áreas.


Dentro do governo brasileiro, a iniciativa é considerada estratégica, especialmente diante do contexto político atual. O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, já declarou que planeja uma ofensiva contra o combate à desinformação na internet, que ele classifica como um "sistema podre de censura e controle da informação".


"Precisamos destruir a tóxica indústria da censura que surgiu sob o disfarce de combate à desinformação", disse Trump em vídeo republicado no X no sábado (9) por Elon Musk, bilionário dono da plataforma que foi nomeado pelo republicano para chefiar uma nova divisão no governo.




Congressistas republicanos, junto a Trump e Musk, alegam que existe uma iniciativa da esquerda para censurar vozes conservadoras sob a justificativa de combater a desinformação. Segundo eles, plataformas digitais, ativistas de esquerda e funcionários do governo estariam "colaborando para suprimir informações essenciais, que vão desde questões eleitorais até saúde pública". Trump declarou que pretende cortar todo o financiamento destinado a projetos de combate à desinformação e bloquear recursos para universidades que realizam esse tipo de pesquisa.


"O momento político torna ainda mais relevante uma ação que combine o enfrentamento à desinformação e o reforço a estratégias de comunicação para mostrar a urgência de a sociedade enfrentar as mudanças do clima", diz João Brant, secretário de Políticas Digitais da Presidência. "Os países comprometidos com a integridade da informação e com o enfrentamento às mudanças climáticas não têm como agir sozinhos, precisamos de uma ação coordenada."


O governo brasileiro também utiliza a iniciativa como parte da preparação para a COP30, que ocorrerá em Belém em 2025. Dado que Trump já anunciou planos para aumentar a exploração de petróleo e se opõe a incentivos para a transição energética — além de ter retirado os EUA do Acordo de Paris durante seu primeiro mandato e prometer fazer o mesmo em um possível segundo mandato — o governo brasileiro não espera nenhuma cooperação de Washington nessa área.







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