Movimentos sociais pedem que líderes do G20 ouçam minoriasMovimentos sociais pedem que líderes do G20 ouçam minorias
Na cerimônia de abertura do G20 Social, realizada nesta quinta-feira (14), representantes de organizações sociais afirmaram que os líderes mundiais precisam ouvir as demandas das minorias expressas no evento paralelo à Reunião de Cúpula do G20. A "voz do povo" foi dada a duas mulheres que discursaram em nome dos movimentos sociais que reúnem cerca de 33 mil pessoas no fórum.
Nandini Azad, ativista indiana do Fórum de Mulheres Trabalhadoras da Índia, destacou a importância de incluir as mulheres nas decisões políticas. "Precisamos incluir melhor as mulheres, porque uma organização com 660 mil mulheres tem transformado a vida das comunidades. Chegou a hora de esta presidência [do Brasil] garantir que as mulheres se tornem as principais decisoras nas políticas públicas. Elas precisam estar na linha de frente", afirmou.
Azad também elogiou a iniciativa do governo brasileiro de criar um fórum paralelo para ouvir as vozes da sociedade civil dos países do G20, composto pelas 19 maiores economias do mundo, mais a União Europeia e a União Africana. "Gostaria de parabenizar a presidência do Brasil por essa inovação histórica de incluir as vozes da sociedade civil. A inclusão e o acesso são o símbolo dessa presidência, porque é isso que o futuro nos reserva", acrescentou.
Representando a sociedade civil brasileira, Edna Roland, fundadora do Geledés – Instituto da Mulher Negra, apresentou uma lista de prioridades para afrodescendentes, povos indígenas e populações tradicionais que devem ser consideradas pelos chefes de Estado e de Governo no G20. Roland destacou que essas populações enfrentam condições mais complexas e difíceis de sobrevivência, e que suas lutas são interligadas na busca por justiça social, reconhecimento e igualdade.
Ela defendeu a importância da diversidade e da inclusão nas políticas públicas brasileiras e sublinhou a necessidade de enfrentar o racismo estrutural, além de promover políticas que garantam igualdade de oportunidades em áreas como emprego, educação e saúde para afrodescendentes. "A interseção dessas lutas é fundamental para construir uma sociedade mais justa e equitativa", afirmou.
Roland também abordou a necessidade de maior valorização da história e cultura afrobrasileira nas escolas, a ampliação das oportunidades de acesso ao ensino superior para jovens negros e a promoção de políticas de inclusão no mercado de trabalho, com foco na igualdade salarial e no empreendedorismo. Ela também pediu o incentivo à valorização das expressões culturais afrobrasileiras, com a realização de festivais culturais voltados para essa população.
Sobre os direitos dos povos indígenas, Edna Roland destacou a necessidade de proteção das terras indígenas contra a invasão e a exploração de recursos naturais. Ela também pediu o fortalecimento da autodeterminação dos povos indígenas, para que possam tomar decisões sobre suas vidas e culturas de maneira autônoma, sem imposições externas.
O G20 Social, criado durante a presidência brasileira do grupo, reúne entidades, organizações e acadêmicos que apresentarão sugestões para embasar as discussões da reunião de cúpula, que ocorrerá no próximo fim de semana (18 e 19) no Rio de Janeiro.