Antes do G20, Biden faz viagem histórica a Manaus e anuncia cerca de R$ 290 milhões para o Fundo Amazônia

O GLOBO
Antes do G20, Biden faz viagem histórica a Manaus e anuncia cerca de R$ 290 milhões para o Fundo Amazônia Joe Biden, presidente dos EUA, desembarca do Air Force 1

Neste domingo, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, fará uma visita histórica à floresta amazônica, a primeira de um presidente em exercício dos EUA. A viagem ocorre em um momento crucial, com o país se preparando para a posse de Donald Trump, cujo retorno ao poder é visto com preocupações, especialmente no campo das políticas climáticas. A Amazônia, uma das maiores reservas de carbono do planeta, tem papel fundamental no combate ao aquecimento global, já que sua vegetação absorve grandes quantidades de CO2, contribuindo para amenizar os efeitos da crise climática.

Durante sua visita, Biden anunciou uma série de novas medidas para o combate às mudanças climáticas, incluindo um aporte de US$ 50 milhões (aproximadamente R$ 289,85 milhões) ao Fundo Amazônia. Esse valor elevará a contribuição dos Estados Unidos para o fundo para US$ 100 milhões (cerca de R$ 578 milhões), condicionado à notificação do Congresso. O presidente também anunciou outros projetos para apoiar a preservação do bioma amazônico, como a Brazil Restoration & Bioeconomy Finance Coalition, que visa mobilizar pelo menos US$ 10 bilhões em investimentos públicos e privados para restauração ecológica e bioeconomia, com US$ 500 milhões destinados diretamente aos povos indígenas e comunidades locais da Amazônia. Além disso, haverá investimentos em reflorestamento e apoio ao Tropical Forest Finance Facility (TFFF), uma iniciativa voltada para a proteção das florestas tropicais.

A visita de Biden a Manaus, marcada para este domingo, faz parte de uma viagem mais ampla pela América do Sul, que provavelmente será uma das últimas grandes visitas internacionais de seu mandato. No dia anterior, ele se encontrou com o presidente chinês Xi Jinping em Lima. Após o passeio aéreo pela Amazônia, Biden visitará um museu local e falará com a imprensa. Durante a viagem, ele também terá a oportunidade de conhecer líderes indígenas e representantes de organizações locais dedicadas à proteção ambiental.

Jake Sullivan, conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, enfatizou que a visita de Biden à Amazônia é um reflexo do compromisso do presidente com a luta contra as mudanças climáticas, tanto em território americano quanto no exterior. "Esta é uma das causas centrais da presidência de Biden", declarou Sullivan.

A Floresta em Perigo

Entretanto, essa visita histórica ocorre em um cenário político tenso, com o retorno iminente de Donald Trump à Casa Branca, após sua vitória esmagadora sobre a democrata Kamala Harris nas eleições. Trump, cético em relação às mudanças climáticas, prometeu reverter muitas das políticas ambientais de Biden, incluindo a retirada dos Estados Unidos do Acordo de Paris, que visa limitar o aquecimento global a 1,5°C em relação aos níveis pré-industriais. No dia anterior à viagem de Biden à Amazônia, Trump nomeou Chris Wright, um negacionista das mudanças climáticas, como secretário de Energia. Wright, CEO da Liberty Energy, uma empresa especializada em fracking, será encarregado de reduzir a regulamentação do setor de energia, impulsionando a exploração de combustíveis fósseis.

Sob a liderança de Biden, os EUA retornaram ao Acordo de Paris após a saída de Trump, mas as promessas de um novo mandato de Trump indicam um possível retrocesso significativo nas políticas climáticas. A Amazônia, que abrange nove países e é especialmente vulnerável às mudanças climáticas, tem sido um foco importante na agenda internacional de preservação ambiental. A bacia do Amazonas, uma das regiões mais úmidas do planeta, tem registrado um aumento significativo da seca, como apontado pelo observatório Copernicus da União Europeia. Um estudo recente da rede de monitoramento Raisg revela que a floresta perdeu, nas últimas quatro décadas, uma área equivalente ao tamanho da Colômbia. Especialistas alertam que a Amazônia está se aproximando do ponto de não retorno, com o risco de "savanização", quando a floresta se transforma em uma região semelhante a uma savana.

Próxima Parada: G20

Após a visita à Amazônia, Biden viajará para o Rio de Janeiro para participar da cúpula do G20, que ocorrerá na segunda e terça-feira. Lá, o retorno de Trump ao poder e os debates sobre a mudança climática, incluindo a conferência da ONU sobre o clima em Baku, serão temas centrais da agenda. Biden também se reunirá com o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, que assumiu o compromisso de erradicar o desmatamento ilegal na Amazônia até 2030. No Rio, Biden encontrará outro aliado de Trump na região: o presidente da Argentina, Javier Milei, um ultraliberal cético em relação às mudanças climáticas e ao multilateralismo.

Especialistas alertam que uma possível presidência de Trump prejudicaria o avanço da transição para fontes de energia limpa, atrasando metas climáticas cruciais. Durante sua campanha, Trump prometeu aumentar a exploração de combustíveis fósseis e chegou a ironizar a questão climática em diversos momentos.

A possível saída dos EUA da diplomacia climática sob Trump poderia ter um efeito devastador no esforço global para reduzir a dependência de combustíveis fósseis. Além disso, países como China e Índia poderiam usar essa retirada como justificativa para não cumprir suas próprias metas de redução de emissões de gases de efeito estufa.




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