'O tesão está ligado com a alegria de viver', diz Bruna Lombardi
A atriz e escritora Bruna Lombardi teve um susto em maio deste ano, quando precisou ser internada por três dias com um quadro de estafa. Ela conta que estava "trabalhando em um ritmo alucinado", mas não percebeu o impacto. "Sentia um mal-estar generalizado, como um enjoo, e não conseguia comer devido às dores no estômago", relata. Para ela, o excesso de conectividade, como estar sempre respondendo mensagens no WhatsApp, torna-se uma "festa eterna" e um "escritório ininterrupto", uma situação "insana" que pode passar despercebida.
Apesar do susto, Bruna fez um "check-up gigante" e, aos 72 anos, recebeu a boa notícia de que estava com a saúde em dia. Ela atribui sua saúde a hábitos saudáveis: "Não como carne, nem refrigerante, e evito alimentos ultraprocessados. Isso me ajudou a não ter nada mais grave." Ela destaca que sua alimentação não é uma imposição, mas uma escolha de vida: "Sempre fui uma pessoa alternativa, embora faça sucesso no mainstream, minha alma é alternativa."
Em entrevista à coluna, Bruna recebeu a equipe em sua casa no Morumbi, São Paulo. O ambiente tranquilo, rodeado por um jardim com árvores e palmeiras, serve como um "oásis" em meio ao caos da cidade. A decoração segue os princípios do feng shui, com objetos dispostos de forma a promover o equilíbrio e o bem-estar.
Neste ano, Bruna lançou o livro Manual para Corações Machucados (Editora Sextante), uma coletânea de 88 crônicas sobre o amor em suas diversas formas. Em uma das passagens, ela fala sobre o "tesão", que, para ela, está intimamente ligado ao entusiasmo pela vida: "O tesão é algo inato nas pessoas, está ligado à alegria de viver. O sexo não se resume ao ato em si, mas está presente em tudo: na natureza, nas cores, nos sabores e cheiros. Tudo é sensorial e, portanto, sensual."
Nos anos 1980, Bruna causou um grande impacto ao lançar o livro de poesias eróticas Perigo do Dragão. Hoje, ela acredita que a liberdade feminina ainda enfrenta resistência: "O poder feminino sempre foi temido. A sociedade sempre tentou abafá-lo e até criminalizá-lo", afirma, referindo-se a práticas ainda presentes em algumas culturas, como a mutilação genital feminina. Ela celebra a liberdade sexual, mas observa também uma crescente repressão em certos setores: "A gente espera que isso não prospere. A liberdade é uma palavra poderosa", comenta, lembrando das palavras de seu pai, que deixou como herança a importância da liberdade.
Bruna também se posiciona contra o projeto de lei 1904/2024, conhecido como PL Antiaborto por Estupro, que criminaliza o aborto após a 22ª semana de gestação para vítimas de estupro: "É um absurdo. Vivemos em um país com grande impunidade, e a única preocupação dos totalitários é punir as mulheres? Não estamos voltando à Idade das Trevas?", questiona.
Após o episódio de estafa, Bruna desacelerou o ritmo de trabalho. Ela conta que antes do incidente chegava a agendar seis compromissos em um único dia. Nos últimos meses, passou uma temporada em Los Angeles e fez viagens pela Europa. Para o fim de ano, planeja ficar ao lado do marido, Carlos Alberto Riccelli, e aproveitar o contato com a natureza. Bruna também prepara novos projetos, como o lançamento de uma nova edição do romance Filmes Proibidos, com textos inéditos, pela Editora Record.
Apesar de se preocupar com os conflitos no mundo, como as guerras na Ucrânia e na Faixa de Gaza, Bruna se considera otimista: "A história da humanidade é cíclica, mas ascendente. A evolução sempre acontece, mesmo com os retrocessos. O importante é que estamos sempre em confronto, mas também em pequena evolução."