O papel do G20 na reformulação dos sistemas alimentares

Fórum internacional de cooperação econômica fundado em 1999, o G20 foi criado com o objetivo de estabelecer uma comunicação direta entre as lideranças globais

*Com informações da USP
O papel do G20 na reformulação dos sistemas alimentares As recomendações passaram a considerar, além do impacto da dieta na saúde, os aspectos culturais, econômicos, sociais e ambientais da alimentação – Foto: Freepik

Tudo o que diz respeito à produção de alimentos de um determinado espaço faz parte do sistema alimentar daquele local. O termo se refere à maneira de se produzir, distribuir, comercializar e consumir alimentos, levando em consideração as etapas da produção, como o plantio, colheita, armazenamento, transporte, processamento etc. Nesse conceito, também se enfatiza a administração dos recursos utilizados no processo, água, recursos naturais da terra, fertilizantes, mão de obra, maquinário e infraestrutura etc.  Esses sistemas são influenciados por diversos fatores: clima e estado de conservação do meio ambiente, a forma de urbanização e o uso da terra disponível, distribuição de renda, acesso a informações técnicas relevantes. 

A pesquisadora Estela Sanseverino explica mais sobre esses sistemas. “Os sistemas alimentares são definidos como toda a gama de elementos e também de atividades relativas à produção, ao processamento, à distribuição, ao preparo e ao consumo de alimentos. Dentro do conceito de sistemas alimentares, nós temos diversos vetores atuando, ao mesmo tempo, sobre as cadeias de suprimento de alimentos, os ambientes alimentares, o comportamento alimentar e as dietas dos indivíduos, que, por sua vez, impactam aqueles vetores num sistema de retroalimentação”, detalha. 

 Sustentabilidade global e G20

Jovem branca, vestindo blusa azul sobre camiseta branca, sorrindo para a câmera
Fernanda Marrocos – Foto: FSP

O G20 se apresenta como um espaço para a interlocução entre as maiores lideranças do mundo sobre os temas mais relevantes da atualidade. Para a pesquisadora Fernanda Marrocos, a reformulação dos sistemas alimentares precisa estar entre os citados na cúpula. “O G20 tem um grande potencial e, por que não dizer, a responsabilidade de promover iniciativas de cooperação multilateral que possibilitem aprimorar a produção local, de modo que se torne mais saudável e sustentável, além de promover formas justas de distribuição e melhorar o acesso aos alimentos que compõem padrões alimentares equilibrados, diversificados e culturalmente apropriados. Isso requer uma reorientação drástica dos subsídios para a agricultura e a pecuária em nível global, bem como políticas que incentivem a diversificação da produção de alimentos e das dietas, apenas para citar algumas ações possíveis”, explica.

O Brasil apresenta uma série de problemas relacionados ao desequilíbrio de seus sistemas alimentares. Segundo a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar (Rede PENSSAN), o Brasil registrou, em 2022, mais de 125,2 milhões de pessoas em insegurança alimentar, desse total, 33,1 milhões estariam em situação de fome. Além disso, segundo dados do IBGE, 26,8% da população adulta está convivendo com a obesidade, o que aponta para um sistema alimentar prejudicial à saúde.  Ao observar a problemática em escala global, a tendência se mantém. Segundo o relatório O estado da segurança alimentar e da nutrição no mundo, publicado por cinco agências especializadas das Nações Unidas, atualmente mais de 700 milhões de pessoas passam fome em todo o mundo, o que equivale a cerca de 10% da população do planeta. 

Nadine Marques Nunes Galbes – Foto: Linkedin

Segundo a pesquisadora Nadine Marques, o desenvolvimento de políticas que visem a solucionar essas questões precisam passar pelo debate da reformulação dos sistemas alimentares, pensando em formas mais sustentáveis de produzir e consumir. “Os sistemas alimentares são um dos sistemas humanos mais relacionados aos enormes desafios do nosso tempo, responsáveis por um terço das emissões de gases de efeito estufa e classificados como o principal vetor de perda de biodiversidade. Os mecanismos tecnológicos que deram origem aos sistemas produtivos atuais levaram à homogeneização das paisagens agrícolas e à padronização de raças de animais, o que traz consequências drásticas para o bem-estar animal, para os serviços ecossistêmicos e para a saúde humana. Além disso, é justamente essa homogeneidade e a padronização que têm favorecido dietas cada vez mais monótonas, com participação crescente dos alimentos ultraprocessados, relacionados à pandemia global de obesidade”, finaliza.




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