PF revela que Braga Netto liderou reunião sobre 'kids pretos' e seria o responsável pelo 'gabinete de crise' após o golpe
Pelo menos um veículo oficial do Batalhão de Ações de Comandos foi utilizado na Operação ‘Copa 2022’, nome dado à missão que também tinha como objetivo o envenenamento de Lula.
Essa operação foi iniciada pelos militares investigados no mesmo dia em que o Supremo Tribunal Federal discutia a derrubada do orçamento secreto. A Polícia Federal suspeita que, com base nas mensagens trocadas entre os militares, “a ação desenvolvida estava relacionada ao adiamento da votação que ocorria na Corte”.
Essas informações fazem parte da Operação Contragolpe, deflagrada nesta terça-feira, 19, que resultou na prisão do general reformado Mário Fernandes, além de três ‘kids pretos’ — o tenente-coronel Hélio Ferreira Lima, o major Rafael Martins de Oliveira e o major de Infantaria Rodrigo Bezerra de Azevedo, que atuava no Comando de Operações Especiais — e do policial federal Wladimir Matos Soares.
Os kids pretos são militares de alta performance em ações de grande impacto. Todos os presos na Operação Contragolpe são suspeitos de envolvimento com o plano de assassinato de Lula e de seu vice, Geraldo Alckmin, logo após as eleições de 2022.
De acordo com os investigadores, a Operação ‘Punhal Verde e Amarelo’ (eliminação de Lula e Alckmin) estava diretamente relacionada à Operação Copa 2022 (monitoramento e assassinato do ministro). O objetivo central do grupo era a “elaboração de um detalhado planejamento que seria voltado ao sequestro ou homicídio do ministro Alexandre de Moraes e, ainda, dos candidatos eleitos Luís Inácio Lula da Silva e Geraldo José Rodrigues Alckmin Filho”.
Cronologicamente, as mensagens sobre a Operação Copa 2022 foram encontradas no celular do tenente-coronel Mauro Cid após os diálogos que indicam alterações feitas pelo ex-presidente Jair Bolsonaro na minuta do golpe - documento encontrado em um armário na residência do ex-ministro Anderson Torres (Justiça) - após reunião entre o ex-chefe do Executivo e o general Estevam Cals Tehófilo - este, segundo o inquérito da PF, teria sido o responsável pela mobilização dos ‘kids pretos’ para a consumação do golpe.
Segundo a PF, seis dias após Bolsonaro analisar a minuta golpista, Mauro Cid e Marcelo Câmara - coronel do Exército, ex-assessor de Bolsonaro - trocaram mensagens indicando que estavam acompanhando a operação organizada pelo general Mário Fernandes para concretizar a prisão de Moraes.
Os investigadores resgataram mensagens em que Mauro Cid e o major Rafael Martins trocam um documento protegido por senha, com o nome ‘Copa 2022′, “com uma estimativa de gastos para subsidiar, possivelmente, as ações clandestinas, que seriam executadas durante os meses de novembro e dezembro de 2022″ - incluindo ‘\hotel’, ‘alimentação’ e ‘material’. O custo estimado bateu em R$ 100 mil.
Os militares usaram “técnicas típicas de agentes de forças especiais”, diz a PF.
A ação contou com a participação de pelo menos seis golpistas. Para dificultar o rastreamento das atividades ilícitas, os investigados: “habilitaram linhas de telefonia móvel em nome de terceiros, sem qualquer relação com os fatos investigados; criaram um grupo denominado ‘Copa 2022′ em aplicativo de mensagens; receberam um codinome associado a países (Alemanha, Áustria, Brasil, Argentina, Japão e Gana) para não revelarem suas verdadeiras identidades”.
Nos diálogos trocados no grupo, a PF constatou que um dos investigados, ‘Gana’, estaria próximo à casa de Moraes. O principal alvo ligado à operação clandestina seria Rafael Martins de Oliveira, com “sólida participação no caso”. Ele se identificava como ‘Japão’.
Moraes era ‘Professora’, segundo diálogos entre Cid e Câmara .
“Por onde anda a Professora?”, indagou Cid em 21 de dezembro. ‘Informação que foi para uma escola em SP. Ontem’, respondeu Câmara.
Sobre o retorno de Moraes a Brasília, Câmara informou. “Somente para início do ano letivo. Apesar de ter a previsão do período de recuperação. Tem dúvida.”
Reprodução: Polícia federal
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