Um estudo recente publicado na revista Nature Human Behaviour investigou a relação entre o uso da internet e a saúde mental em adultos com mais de 50 anos em 23 países, incluindo o Brasil. A pesquisa, que analisou dados de seis grandes levantamentos, revelou uma associação positiva entre o uso da internet e a redução dos sintomas depressivos, além de um aumento na satisfação com a vida e na autoavaliação da saúde.

No Brasil, participaram 4.174 pessoas com mais de 50 anos, com dados provenientes do Estudo Longitudinal Brasileiro do Envelhecimento (ELSI). Os resultados indicaram que o uso da internet teve um impacto positivo na saúde mental dos brasileiros, corroborando as conclusões gerais do estudo.

Globalmente, a pesquisa observou que o uso da internet estava associado a uma diminuição de 0,09 pontos na pontuação de sintomas depressivos, um aumento de 0,07 pontos na satisfação com a vida e um aumento de 0,15 pontos na autoavaliação da saúde. O estudo também constatou que o uso frequente e cumulativo da internet está relacionado à melhora da saúde mental em diversos países. Aqueles que utilizavam a rede diariamente relataram menos sintomas depressivos e uma melhor autoavaliação de saúde em comparação com os que não usavam.

Os autores sugerem que dois mecanismos podem explicar essa associação positiva. Primeiro, a internet facilita a conexão social e o acesso a redes de apoio, essencial para a saúde mental, especialmente para pessoas mais velhas que podem enfrentar o isolamento social. Em segundo lugar, ela proporciona acesso a informações e serviços online, como dados sobre saúde, grupos de apoio e plataformas de gerenciamento de saúde, aumentando a autoeficácia e o bem-estar.

É importante ressaltar que a pesquisa não estabelece uma relação de causa e efeito entre o uso da internet e a melhora na saúde mental. Os autores alertam que outros fatores, não considerados no estudo, podem influenciar essa associação.

Apesar das limitações, o estudo contribui significativamente para a compreensão do papel da internet na vida de adultos mais velhos, destacando a importância da inclusão digital para a promoção da saúde mental nessa faixa etária. Os autores defendem que políticas públicas que incentivem o acesso e uso da internet por pessoas mais velhas podem ter um impacto positivo na saúde mental da população. No entanto, é fundamental considerar as necessidades específicas de subgrupos, como aqueles com menor escolaridade ou dificuldades de acesso à tecnologia, para garantir que a inclusão digital seja efetiva e traga todos os seus benefícios.

O estudo também enfatiza a necessidade de mais pesquisas sobre os diferentes padrões de uso da internet, incluindo o tempo diário de uso, os tipos de atividades online e as interações com outros usuários, a fim de desenvolver estratégias eficazes para a promoção da saúde mental. A internet pode ser uma ferramenta poderosa para o bem-estar, mas seu uso deve ser feito com sabedoria e moderação.