Conversa com prefeito Roberto Naves está entre arquivos apagados no celular de Fábio Escobar, aponta a polícia

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Conversa com prefeito Roberto Naves está entre arquivos apagados no celular de Fábio Escobar, aponta a polícia Reprodução

Documentos vinculados ao Ministério Público de Goiás, obtidos através do portal jornalistico Vero Notícias, revelaram que o celular do empresário assassinado Fábio Escobar continha informações e conversas com Roberto Naves, prefeito de Anápolis, Diego Sorgatto, prefeito de Luziânia, e o governador Ronaldo Caiado.  Esses registros estão entre os arquivos apagados que a polícia rastreou no aparelho.


O relatório policial do delegado Wlisses indicava que as conversas entre Escobar e Fernando, suposto autor da emboscada, começaram no dia 22 de junho. No entanto, uma nova extração de dados revelou que eles trocaram 50 mensagens no dia 21 de junho, que também foram deletadas, assim como as mensagens envolvendo os políticos.


A suspeita de manipulação de provas, devido à exclusão de arquivos do celular da vítima, foi identificada pela Coordenadoria de Segurança Institucional e Inteligência (CSI), um órgão do MPGO vinculado à Procuradoria-Geral de Justiça (PGJ), conforme detalhado no Ato da PGJ nº 38/21.


Os documentos que indicam uma possível adulteração das informações no celular foram requisitados pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e permanecem sob sigilo.


Entretanto, o trabalho da CSI possibilitou a recuperação de alguns arquivos, contatos e dados que haviam sido excluídos logo após a morte do articulador político.





A extração, realizada com os controversos programas Iped (de origem brasileira) e Celebration (sistema israelense), comumente utilizados pela Polícia Civil de Goiás para recuperar dados deletados, revela que arquivos no celular de Fábio Escobar, que continham o nome do governador Ronaldo Caiado, foram eliminados no mesmo dia em que o empresário foi assassinado. (Veja documento)




Contato com Caiado

Em seu depoimento à Justiça, a esposa do empresário falecido afirmou que ele “teria tentado” entrar em contato com o governador para informar sobre possíveis “ameaças” que vinha enfrentando antes de ser assassinado. Essa declaração é corroborada por um vídeo postado pelo portal Vero Notícias, que complementa as informações coletadas pela CSI, atualmente sob custódia do Gaeco e da PGJ. 



No dia da morte de Fábio Escobar, conforme o depoimento da esposa da vítima e os documentos do Gaeco, o celular do empresário foi entregue ao agente de polícia Fabiano Félix, que acompanhava o delegado titular do Grupo de Investigação de Homicídios de Anápolis, Wllisses Valentim. Entre as informações excluídas do polêmico dispositivo estavam contatos e conversas com figuras políticas, incluindo o prefeito Roberto Naves (Anápolis), com quem Fábio mantinha uma relação próxima, além de outros contatos, como o registrado como “Ronaldo Caiado”. Naves por sua vez, durante a investigação, Naves afirmou que a polícia chegaria aos culpados, incluindo a afirmativa de que o assassino seria quem supostamente se suicidou.


Essas informações não foram incluídas no primeiro relatório da investigação conduzida pelo delegado Wllisses Valentim. No dia seguinte à morte de Escobar, ele enviou o celular para a Gerência de Operação de Inteligência do estado, solicitando o desbloqueio e a extração de dados. No entanto, em 28 de junho, recebeu a resposta de que “não foi possível acessar os dados devido ao bloqueio do aparelho”.




No entanto, no mesmo dia, o delegado teria comentado em uma conversa com um agente da corporação, que tentava obter informações com a esposa da vítima, que já havia visto previamente as conversas de Escobar, insinuando que teria tido acesso clandestino ao aparelho.




Em seu depoimento à Justiça, o pai de Fábio Escobar afirmou que policiais “acessaram e deletaram provas” que estavam no celular do empresário. 


O governador Ronaldo Caiado, que foi contatado quatro vezes pela Secretaria de Comunicação de Goiás, não se pronunciou a respeito. A Polícia Civil de Goiás também não respondeu aos questionamentos feitos.


Por sua vez, o Ministério Público de Goiás inicialmente declarou que os documentos mencionados no e-mail eram “falsos”. Contudo, após receber a documentação completa, o órgão recuou e confirmou a autenticidade dos documentos, mas informou que não havia elaborado “relatórios de análise” sobre as evidências de possível manipulação. Isso sugere que o MPGO não levou em consideração a gravidade das informações recuperadas e apresentadas pela CSI, órgão vinculado à PGJ.





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