Mesmo após mobilização, candidatos apoiados por Bolsonaro são derrotados em eleições para presidências da OAB pelo país

O GLOBO
Mesmo após mobilização, candidatos apoiados por Bolsonaro são derrotados em eleições para presidências da OAB pelo país Ex-presidente Jair Bolsonaro apoiou candidatos que foram derrotados nas eleições da OAB — Foto: MAURO PIMENTEL/AFP

Diferentemente dos resultados observados no Conselho Federal de Medicina (CFM) e na escolha de conselheiros tutelares, a mobilização bolsonarista não teve êxito nas eleições das seccionais da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Recentemente, candidatos apoiados por Jair Bolsonaro foram superados nas votações em importantes estados, como São Paulo, Distrito Federal, Paraná e Santa Catarina, mesmo com maior engajamento de seus correligionários.

Na última quinta-feira, a eleição para a presidência da OAB-SP, a maior seccional do país, consagrou Leonardo Sica como vencedor. Atual vice-presidente e apoiado pela situação, Sica conquistou 52,48% dos votos válidos, enquanto Alfredo Scaff, candidato apoiado por Jair Bolsonaro, terminou em quarto lugar, com apenas 7,43% dos votos. O pleito garantiu um mandato de três anos, de 2025 a 2027.

A campanha em São Paulo ganhou destaque devido à mobilização bolsonarista, que criticava a atual gestão da OAB por supostamente não garantir o “devido processo legal” para investigados e réus no Supremo Tribunal Federal (STF), como o ex-presidente e os envolvidos nos ataques de 8 de janeiro. Em entrevista à rádio, Bolsonaro incentivou advogados a não votarem em chapas associadas à esquerda, declarando que “o advogado é um dos pilares da democracia” e que sua liberdade de expressão é essencial.

Apesar do apoio público de Bolsonaro, o desempenho de Scaff foi modesto. A chapa vencedora, liderada por Sica, também contou com o apoio indireto de seu tio, Valdemar Costa Neto, presidente do PL, que participou de eventos de campanha. Após o resultado, Sica afirmou que sua gestão buscará tornar a seccional “mais justa, moderna e inclusiva”.

Outras eleições importantes também refletiram o fracasso da mobilização bolsonarista. No Paraná, Luiz Fernando Casagrande Pereira foi eleito com 48,33% dos votos, enquanto Flávio Pansieri, candidato apoiado por bolsonaristas, ficou em segundo com 34,9%. Casagrande criticou a politização do pleito, afirmando que os temas da advocacia ficaram ofuscados pelas acusações ideológicas.

Em Santa Catarina, a chapa liderada por Rodrigo Curi, ligada ao bolsonarismo, foi desclassificada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) por não cumprir a cota de 30% de negros ou pardos. A chapa vencedora, “União, Trabalho e Transformação”, encabeçada por Juliano Mandeli, obteve 56% dos votos.

No Distrito Federal, Paulo Maurício Braz Siqueira foi eleito com a chapa “OAB para Todos”, superando Everardo Gueiros, conhecido como Vevé, que contou com apoio direto de Bolsonaro. Vevé ficou em terceiro lugar, com apenas 12,9% dos votos.

A eleição da OAB-SP foi realizada de forma online pela primeira vez, o que reduziu a abstenção para 21,94%, em comparação aos 30,4% de 2020. A chapa vencedora, “Sempre em Frente”, além de Sica, inclui Daniela Magalhães como vice-presidente, Adriana Galvão Moura Abilio e Viviane Scriviani como secretárias-gerais, e Alexandre de Sá Domingues na tesouraria. Em seu discurso, Sica reafirmou o compromisso de fortalecer a advocacia e garantir representação a todos os profissionais.

Na próxima segunda-feira, a eleição da OAB-RJ promete também ser marcada por apoios políticos. Ana Tereza Basilio, candidata da situação, conta com Sylvia Drummond como vice, jurista conservadora próxima ao deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ). Já o opositor Marcello Oliveira recebeu apoio indireto de Marcelo Freixo (PT), presidente da Embratur, demonstrando mais uma vez a influência política sobre as disputas da Ordem.




Buscar

Alterar Local

Anuncie Aqui

Escolha abaixo onde deseja anunciar.

Efetue o Login

Recuperar Senha

Baixe o Nosso Aplicativo!

Tenha todas as novidades na palma da sua mão.