Marketplace de sementes visa ampliar acesso ao tratamento medicinal com cannabis no Brasil
O publicitário Luiz Borsato encontrou no tratamento com medicamentos à base de cannabis o alívio para suas dores de coluna. Diante dos altos preços dos produtos no Brasil, tanto nacionais quanto importados, ele optou pelo autocultivo como alternativa, mas se deparou com a dificuldade de encontrar sementes de qualidade e com procedência garantida.
Foi então que surgiu a ideia de criar um marketplace nacional para a venda autorizada de sementes para autocultivo. Assim, nasceu a Netseeds, a primeira plataforma online no Brasil dedicada à comercialização de sementes para cultivo de cannabis. Desde seu lançamento em maio deste ano, a empresa já oferece sementes de onze marcas, provenientes dos principais bancos genéticos dos Estados Unidos, Holanda e Espanha, países referência no cultivo de cannabis.
Borsato explica que cada planta possui características únicas relacionadas à floração e à produção de substâncias terapêuticas, razão pela qual é essencial oferecer uma ampla variedade de cultivares. "Se o tratamento exige uma genética que produza altos níveis de CBD, nós temos. Se o paciente precisar combinar CBD com THC ou THCv, também temos variedades adequadas", comenta.
Ele destaca que o avanço no melhoramento genético simplificou o cultivo legalmente autorizado, criando sementes femininas e automáticas, com plantas resistentes, robustas, de alta produtividade e com maiores concentrações de substâncias para extrações terapêuticas.
Apesar de o mercado de genética de cannabis ainda ser pouco explorado no Brasil, devido à insegurança jurídica, Borsato acredita que o país evoluirá nesse sentido, seguindo as melhores práticas globais. Ele cita a recente aprovação pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) do cultivo industrial de cannabis para fins medicinais como um sinal de avanço. "Somos um país agrícola muito competente, e até agora importamos insumos farmacêuticos extraídos de cannabis. O caminho natural é que o cultivo evolua com novas regulamentações e pesquisas", afirma.
A Embrapa também demonstrou interesse em investir na pesquisa genética de cannabis, conforme reportagem da Globo Rural. Beatriz Marti Emygdio, pesquisadora da Embrapa Clima Temperado, explicou que a cannabis é totalmente aproveitável, com suas flores destinadas à produção de óleos medicinais e cosméticos, suas fibras utilizadas na indústria têxtil e de celulose, e suas sementes aproveitadas para alimentação e ração animal. O excedente produtivo pode ser usado como biomassa, e a planta também pode ser cultivada para recuperação de áreas degradadas e rotação de culturas.