Vendedora morre à espera de UTI, denuncia família
A vendedora autônoma Katiane de Araújo Silva, de 36 anos, faleceu no Cais Cândida de Morais, em Goiânia, durante a madrugada de sexta-feira (22), enquanto aguardava uma vaga em uma UTI. A sobrinha da vítima, Marina Araújo, relatou que Katiane começou a passar mal no dia 15 de novembro e morreu após dias de internação e três tentativas de transferência para um leito intensivo.
Histórico e busca por atendimento
Katiane buscou atendimento médico pela primeira vez no domingo (17), no Cais de Campinas, relatando fortes dores no corpo. Segundo a família, foi diagnosticada com problemas na coluna, recebeu medicação e foi liberada. O quadro de saúde agravou-se, e ela retornou ao mesmo local no dia seguinte, mas recebeu o mesmo diagnóstico.
Na terça-feira (19), a vendedora procurou o Cais Cândida de Morais, onde ficou internada. Durante esse período, exames de sangue indicaram uma queda significativa nas plaquetas. No dia 20, ela perdeu a consciência, mas recobrou os sentidos. No dia seguinte, foi entubada após nova perda de consciência.
Segundo Marina, a equipe médica chegou a suspeitar de dengue hemorrágica, leptospirose ou febre amarela, mas não houve tempo para confirmação do diagnóstico.
Vaga de UTI e desfecho trágico
A Secretaria Estadual de Saúde informou que a vaga em UTI foi solicitada pela Prefeitura de Goiânia na madrugada do dia 20. A regulação estadual encontrou uma vaga na Santa Casa de Misericórdia de Anápolis, liberada na manhã do dia 22, mas Katiane já havia falecido na noite anterior. A família foi informada previamente pela equipe de saúde sobre a gravidade do caso e o baixo índice de sobrevivência.
Katiane deixa uma filha de 7 anos. Segundo a família, ela não possuía comorbidades.
Notas oficiais
A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que Katiane recebeu todos os recursos disponíveis na sala vermelha, onde foi mantida, e que os protocolos adotados para dengue grave são equivalentes aos de uma UTI. A secretaria se solidarizou com os familiares e disponibilizou-se para esclarecimentos.
A Secretaria Estadual de Saúde (SES-GO) lamentou o ocorrido e destacou que o município solicitante é responsável por estabilizar o paciente até a liberação de vaga. A pasta também apontou o aumento do número de leitos nos últimos anos, ressaltando os esforços para atender a demanda crescente.
O caso expõe mais uma vez os desafios enfrentados pelo sistema de saúde na gestão de vagas e assistência em casos graves.