Juiz do TSE atuou ilegalmente com PL de Valdemar e Bolsonaro em campanha contra urnas eletrônicas, aponta PF
No relatório final do inquérito sobre o golpe, a Polícia Federal destaca a colaboração de um juiz federal com o PL de Valdemar Costa Neto e Bolsonaro na campanha contra as urnas eletrônicas. As investigações revelaram que o juiz Sandro Nunes Vieira, que atuou no TSE em 2022, "agiu de maneira ilegal" e em "desconformidade com suas atribuições" ao abordar questões de fraudes com parceiros do então presidente Jair Bolsonaro.
No relatório, a Polícia Federal informa que encontrou mensagens no celular de Marcelo Câmara, ex-assessor especial de Bolsonaro, nas quais ele conversava com o juiz sobre fraudes nas urnas eletrônicas e as ações do PL em relação ao pleito. Além disso, a investigação da PF indica que o magistrado tomou medidas para “ocultar” sua participação na representação, especialmente em relação ao seu contato com o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto.
A Polícia Federal também afirma que Sandro Vieira enviou uma mensagem a Marcelo Câmara solicitando que ele avisasse Valdemar para não mencionar seu nome ao discutir a representação do partido contra as urnas eletrônicas. A preocupação do juiz surgiu após uma entrevista de Valdemar em novembro de 2022, na qual o dirigente mencionou o nome de Sandro. Após essa divulgação, o então juiz publicou uma nota negando qualquer contato com o presidente do PL.
“Nesse contexto, os elementos probatórios identificados pela investigação demonstram que Sandro Nunes Vieira atuou de forma ilegal e clandestina, ao assessorar o Partido Liberal na representação eleitoral contra as urnas eletrônicas”, afirma a PF no relatório, tornado público pelo ministro do STF Alexandre de Moraes nesta terça-feira (26/11).
Apesar da citação ao magistrado, o nome dele não aparece na lista de 37 pessoas indiciadas pela Polícia Federal no inquérito do golpe. A lista dos indiciados já tinha sido divulgada pela corporação na semana passada.