De sussurros a sorrisos: depois de 12 anos, Brasil dance na "Marcha da maconha" acontece a exposição ExpoCannabis!

Uma jornada de três dias pela Expocannabis, o maior evento sobre maconha do Brasil

*Com informações da Revista Piauí, texto de Matias Maxx.
De sussurros a sorrisos: depois de 12 anos, Brasil dance na Com a presença de mais de 300 empresas, a ExpoCannabis Brasil ofereceu amplas oportunidades de networking, além de uma diversificada gama de atrações artísticas, culturais e intelectuais. (REPRODUÇÃO)

A primeira vez que sintonizei a TV Justiça foi em junho de 2011, com o intuito de assistir ao julgamento da ADPF 187. Essa decisão envolvia a discussão da Marcha da Maconha e se este movimento era legal ou se se enquadrava como "apologia ao crime". De forma unânime, os ministros decidiram que a marcha era legítima e aplicaram essa conclusão a qualquer grupo que lutasse pela legalização da cannabis. Com essa decisão, diversos problemas foram resolvidos, incluindo o uso de bonés e camisetas com a folha de maconha — que levou muitos jovens negros e de periferia ao encarceramento — e a repressão contra bandas como Planet Hemp, cujos membros foram presos em 1997 em Brasília por mencionarem a maconha em suas músicas.

No ano seguinte ao veredicto, a cultura canábica no Brasil passou por um grande crescimento, com o surgimento de sites dedicados, marcas de papel para enrolar, roupas, lojas, blocos de carnaval e várias marchas. Eu mesmo criei a semSemente, a primeira revista impressa sobre maconha do Brasil, que teve quatro edições. A decisão do Supremo também abriu espaço para a discussão sobre a cannabis medicinal, liderada por mães de crianças epilépticas que descobriram nas moléculas da maconha um remédio eficiente que eliminou as convulsões de crianças que antes sofriam com até trinta por dia. Esse assunto passou a ser tratado nas páginas dos jornais e na televisão. Se na época alguém tivesse perguntado a mim ou a outros ativistas sobre a legalização da maconha, provavelmente diríamos: "Em até cinco anos."

Doze anos se passaram e nada aconteceu. Em busca de um pouco de consolo, estou agora viajando entre Rio e São Paulo numa sexta-feira de novembro, a caminho da segunda edição da Expocannabis. Este é o maior evento sobre o uso da maconha no Brasil, realizado no São Paulo Expo, um dos principais centros de convenções do país. Estou me afastando do G20 e de um Rio cercado por militares, indo para um festival que promove a "apologia" ao consumo de cannabis. Serão três dias de palestras, estandes com diversos produtos derivados da planta, jogos, muita fumaça e milhares de entusiastas da maconha.

É verdade que a discussão sobre o assunto no Brasil evoluiu, e esse evento é um reflexo disso. No entanto, é importante ter cautela. Enquanto há pessoas idealistas que buscam uma regulamentação da maconha que promova justiça social e reparação histórica, também existem aqueles que têm interesses escusos. Inspirada em uma tendência dos Estados Unidos dos anos 1990, surgiu no Brasil uma narrativa prejudicial e indiscutivelmente racista que distingue a cannabis medicinal da maconha recreativa, a qual é associada ao crime e à violência que afetam brasileiros de determinadas raças e regiões.

O trabalho arduamente realizado por mães de crianças com epilepsia resultou em decisões favoráveis do Conselho Federal de Medicina e em regulamentações da Anvisa, mas rapidamente foi apropriado por empresas farmacêuticas, lobistas e outros aproveitadores que um mercado não regulado ou mal regulado costuma atrair. Agora que a trilha se tornou mais acessível, um grupo que nunca enfrentou a repressão policial busca ocupar espaços de destaque.

Há uma certa agitação no ar. De acordo com uma pesquisa do Núcleo de Estudos sobre Turismo de Drogas (Netud) da Uerj, o Brasil sediou 123 eventos relacionados à cannabis no ano passado, sendo 83% presenciais. Um terço deles focou no uso medicinal da planta, enquanto os demais abordaram temas como uso recreativo, cultura, legislação, negócios e gastronomia. Mais da metade dos eventos ocorreu na região Sudeste. A primeira edição da ExpoCannabis foi a maior de todas, e segundo a organização, gerou 3 mil empregos temporários e movimentou cerca de 20 milhões de reais em negócios, além dos benefícios indiretos para o município de São Paulo.




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