Polícia prende 4 suspeitos de dar golpes em produtores rurais e justiça bloqueia R$ 19 bilhões
Uma operação da Polícia Civil resultou na prisão de quatro indivíduos suspeitos de fraudes contra pelo menos 13 produtores de grãos em Rio Verde. Os detidos faziam parte de uma organização criminosa especializada em sonegação fiscal. Durante a ação, a polícia confiscou quase 470 veículos, aeronaves, imóveis de luxo e solicitou o bloqueio de R$ 19 bilhões (detalhes das apreensões estão disponíveis abaixo).
A operação ocorreu nos dias 28 e 29 de novembro. Os produtores de grãos que foram alvo do golpe enfrentaram um prejuízo total de R$ 40 milhões, conforme informações do delegado Márcio Henrique Marques.
Duas pessoas, Camila Rosa Melo e Vinicius Martini de Mello, são suspeitas de fazer parte do grupo e estão foragidas. A polícia acredita que elas tenham fugido para os Estados Unidos, e seus nomes foram incluídos na lista vermelha da Interpol.
Os advogados Gabriela Lima e Rodrigo Castor estão encarregados da defesa de dois dos detidos na operação. Em nota, eles afirmaram que a prisão preventiva dos clientes "é indevida e todas as providências cabíveis para devolver a liberdade aos investigados estão sendo tomadas". Disseram também que vão provar que "todos os negócios jurídicos feitos pela empresa são lícitos e fidedignos".
Já os advogados Alessandro Gil Moraes e Danilo Marques Borges são responsáveis pela defesa das outras duas pessoas presas na operação. Em nota, eles disseram que "acreditam plenamente na inocência dos investigados" e que, como o processo está sob sigilo, ainda não teve acesso à íntegra dos autos. Por isso, "não emitirá comentários ou avaliações sobre o caso neste momento".
Os advogados Alessandro Gil e Danilo Marques informaram que não representam mais o foragido Vinicius Martini. Até a última atualização da reportagem, o g1 não conseguiu localizar a nova defesa dos fugitivos.
O portal tentou contato com a empresa suspeita de envolvimento no crime, enviando um e-mail às 15h04 e uma mensagem às 15h12, mas não obteve resposta até a última atualização.
Operação Deméter
O delegado Márcio Marques explicou que a investigação começou em junho deste ano, após Vinicius, um corretor de grãos, aplicar um golpe milionário em produtores rurais de Rio Verde e fugir para os Estados Unidos com sua esposa, Camila.
A operação cumpriu 34 mandados de busca e apreensão e resultou em quatro prisões nas cidades de Rio Verde, Morrinhos, Goiânia, Santo Antônio da Barra e Montividiu.
“Nós apreendemos armas, joias, documentos, veículos importados, caminhonetes, caminhões bitrens, que a depender do modelo, vale mais de R$ 1 milhão, e casas de luxo. A quantia aproximada dos bens sequestrados é de R$ 200 milhões”, informou o delegado.
Além de aplicar golpes contra os produtores rurais, o grupo também é suspeito de sonegação fiscal. O delegado Márcio Marques explicou que os suspeitos compravam grãos de produtores a preços elevados e os revendiam a preços inferiores. Dessa forma, não recolhiam os tributos devidos, resultando em prejuízo para o Estado.
“Quem pagava a conta era o Estado de Goiás, porque tinha sonegação de impostos e eles não recolhiam o tributo”, explicou o delegado.
A polícia detalhou que o grupo constituía as chamadas empresas “noteiras”, que tinham o objetivo de emitir notas fiscais frias. Em seguida, contratavam laranjas para promover a sonegação fiscal. A partir da sonegação era praticada uma lavagem de capitais para que esse dinheiro desviado do estado retornasse como um dinheiro lícito.
“Não satisfeito com os valores que obteram com a prática de sonegação fiscal, ou com a prática de diversos estelionatos, eles vitimaram os produtores rurais de Rio Verde. Ele comprou dos produtores, não pagou e vendeu para outros e não entregou", completou o delegado.
A investigação identificou que o grupo fez uma movimentação suspeita de cerca de R$ 19 bilhões em pouco mais de três anos. A polícia pediu o bloqueio desse valor, que até essa segunda-feira (02) ainda não foi deferido pela Justiça. Na operação, foram sequestrados pela polícia 468 veículos, duas aeronaves, sete imóveis luxo, totalizando R$ 200 milhões. Ainda segundo o delegado, entre os veículos estão apreendidos estão vários caminhões bitrem que custam mais de R$ 1 milhão.