Medidas de Trump levam México a ampliar abrigos para acolher milhões de mexicanos deportados
A estimativa é que a medida anti-imigratória de Trump alcance cerca de 5 milhões de mexicanos que vivem ilegalmente no país
As autoridades mexicanas iniciaram a construção de abrigos em Ciudad Juarez, localizada na fronteira com os Estados Unidos, em preparação para um possível aumento no fluxo de imigrantes após as deportações em massa anunciadas pelo presidente dos EUA, Donald Trump.
De acordo com o funcionário municipal Enrique Licon, os abrigos terão capacidade para acomodar milhares de pessoas e devem estar prontos em poucos dias. "É sem precedentes", disse na tarde desta terça (21).
Nesta terça-feira (21), operários já estavam descarregando longos suportes de metal de caminhões estacionados nos amplos pátios desocupados às margens do Rio Grande, que divide a cidade de El Paso, no Texas.
Do outro lado, em Eagle Pass, nos Estados Unidos, trabalhadores também estavam montando uma barreira de bóias para impedir a travessia de migrantes pelo rio.
O governo do México está se preparando para estabelecer abrigos e centros de acolhimento em nove cidades do norte do país. As autoridades locais oferecerão aos mexicanos que forem deportados alimentação, moradia temporária, cuidados médicos e ajuda na obtenção de documentos de identidade, conforme um documento governamental que apresenta a estratégia intitulada "O México abraça você".
Além disso, o governo pretende disponibilizar uma frota de ônibus para transportar os mexicanos deportados dos centros de acolhimento até suas cidades de origem.
Imigrantes choram após o cancelamento das entrevistas de asilo
Enquanto o presidente Donald Trump anunciava uma emergência nacional na fronteira sul, imigrantes que estavam no México checavam, nervosos, o aplicativo do governo dos EUA chamado "CBP One" — utilizado para agendar solicitações de asilo.
Um sentimento de choque tomou conta do abrigo em Tijuana, localizado a poucos metros da fronteira, quando uma mensagem surgiu no aplicativo: "Entrevistas existentes agendadas pelo CBP One não são mais válidas".
As autoridades de imigração dos Estados Unidos confirmaram que desativaram o aplicativo e anularam todas as consultas agendadas.
"Eu não acredito", disse Nidia Montenegro, de 52 anos, com lágrimas escorrendo pelo rosto. "Não, Deus, não."
Nidia Montenegro escapou da violência e da pobreza na Venezuela, sobreviveu a um sequestro durante sua viagem rumo ao México e chegou à cidade de Tijuana no domingo (20) para uma entrevista de asilo nos Estados Unidos. Com isso, ela finalmente teria a chance de se reunir com seu filho, que reside em Nova York.
Nidia faz parte de milhares de imigrantes cujas esperanças de entrar legalmente nos EUA foram abruptamente destruídas a poucos dias de suas entrevistas com as autoridades americanas.
Ao seu redor, outros imigrantes choravam enquanto tentavam, sem sucesso, acessar o aplicativo, com o desespero crescendo. Alguns receberam e-mails informando o cancelamento de seus agendamentos, enquanto outros simplesmente não conseguiam abrir o aplicativo.
Essa mudança é uma das primeiras implementadas pela administração Trump. O presidente prometeu durante sua posse que enviaria tropas para a fronteira com o México, aumentaria as deportações e classificaria cartéis criminosos como organizações terroristas estrangeiras.
A Reuters acompanhou a trajetória de Nidia Montenegro por dois meses, desde a empolgação ao conseguir um agendamento para a quarta-feira, 22 de janeiro – apenas dois dias após a posse de Trump – até a frustração com o cancelamento.
Nidia Montenegro escapou da violência e da pobreza na Venezuela, sobreviveu a um sequestro durante sua viagem rumo ao México e chegou à cidade de Tijuana no domingo (20) para uma entrevista de asilo nos Estados Unidos. Com isso, ela finalmente teria a chance de se reunir com seu filho, que reside em Nova York.
Nidia faz parte de milhares de imigrantes cujas esperanças de entrar legalmente nos EUA foram abruptamente destruídas a poucos dias de suas entrevistas com as autoridades americanas.
Ao seu redor, outros imigrantes choravam enquanto tentavam, sem sucesso, acessar o aplicativo, com o desespero crescendo. Alguns receberam e-mails informando o cancelamento de seus agendamentos, enquanto outros simplesmente não conseguiam abrir o aplicativo.
Essa mudança é uma das primeiras implementadas pela administração Trump. O presidente prometeu durante sua posse que enviaria tropas para a fronteira com o México, aumentaria as deportações e classificaria cartéis criminosos como organizações terroristas estrangeiras.
A Reuters acompanhou a trajetória de Nidia Montenegro por dois meses, desde a empolgação ao conseguir um agendamento para a quarta-feira, 22 de janeiro – apenas dois dias após a posse de Trump – até a frustração com o cancelamento.
“Acabou, eles eliminaram isso”, disse Margelis Tinoco, da Colômbia, que viajava com seu marido e filho. “Eles bloquearam”, disse ao filho de 13 anos. “Não há nada que possamos fazer.”