Após falas de Trump em Davos, petróleo cai e dólar recua a R$ 5,87
O dólar comercial operava em queda de 1,20%, a R$ 5,8740, às 14h50 desta quinta-feira, na cotação mínima do dia até o momento. A moeda firmou queda após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, discursar no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça. Além disso, os preços do petróleo também aceleraram as quedas, com o pedido do republicano para que a Organização dos Países Produtores de Petróleo (Opep) reduzisse os preços do barril.
Sobre as tarifas a importações que vem ameaçando impor sobre diversos países no mundo, Trump reforçou que pretende reduzir os impostos para as empresas que optarem por fabricar produtos dentro dos Estados Unidos.
Entretanto, ele alertou que irá sobretaxar as companhias que não produzirem dentro do país. Apesar da nova ameaça do republicano, Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, aponta que o discurso não trouxe novidades sobre a questão, já que Trump não anunciou novas alíquotas às quais pretende adotar.
Para ele, esta ausência de falas sobre ações mais concretas em relação às tarifas foi o que contribuiu para que o dólar fosse às mínimas.
De acordo com Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, o mercado aguardava ansioso este novo discurso de Trump, em busca de novas pistas em relação às tarifas:
— Todo mundo teme que ele apresente alguma coisa mais material ou agressiva no sentido de tarifas ou algo do gênero.
No entanto, ele analisa que a fala mostrou "menos assertividade do que se temia".
Redução no preço do petróleo na mira
O presidente americano também afirmou que pretende solicitar à Arábia Saudita e outras nações da Opep que reduzam "o custo do petróleo”, prevendo que a ação do cartel poderia diminuir a inflação e permitir a redução das taxas de juros nos Estados Unidos.
Isso fez com que os preços do petróleo acelerassem a queda. Na Bolsa de Londres, o contrato para março do petróleo Brent — referência internacional — recuava 0,78% a US$ 78,38, às 14h. Já o WTI — referência americana — para o mesmo mês caía 0,95%, a US$ 74,72 às 14h09.
Segundo Paula Zogbi, gerente de research e head de conteúdo da Nomad, o foco de Trump em reduzir os juros nos EUA também foi um dos motivos a pressionar a moeda americana ao redor do mundo, em especial, frente as divisas emergentes — que foram as mais punidas com a valorização do dólar no fim do ano passado.
— Caso Trump seja bem-sucedido em controlar a inflação e as taxas de juros voltem a cair nos EUA, o efeito tende a ser, tudo mais constante, de enfraquecimento da moeda — aponta a especialista.
Não é a primeira vez que Trump fala sobre uma possível intervenção no petróleo. Em seu primeiro mandato, o republicano fez inúmeros pedidos à Opep para que reduzisse os preços, além de ter fechado um acordo com Arábia Saudita e Rússia para cortar a produção quando os preços despencaram no início da pandemia em 2020.
— Os mercados de petróleo estão agora enfrentando a introdução de uma nova variável este ano, que é a 'opção de compra de Trump' sobre os preços da energia — disse Frank Monkam, chefe de negociação macro da Buffalo Bayou Commodities, à Bloomberg.
Além disso, Trump disse que a redução dos preços de petróleo também pressionaria a Rússia a acabar com a guerra na Ucrânia. Na visão de Alexandre Viotto, gerente de câmbio da EQI Investimentos, este discurso mais apaziguador que o normalmente esperado do republicano também foi um dos motivos a levar a moeda a recuar.
— Ele está se mostrando mais apaziguador do que o esperado na minha opinião. Ele estar mais apaziguador, mais voltado a acordos e não ao conflito, ajuda a diminuir a pressão sobre o dólar — explica.