Política anti-imigrantes de Trump gera atritos entre EUA e América Latina
A política de Donald Trump em relação aos imigrantes nos Estados Unidos se intensificou no último fim de semana, afetando as relações com países da América Latina. No sábado (25/1), brasileiros deportados pelo governo Trump chegaram ao Brasil algemados e amarrados. Essas cenas geraram repercussão internacional, levando os presidentes do México e da Colômbia a se recusarem a receber aviões com passageiros nessa condição.
Em resposta, Trump impôs sanções econômicas à Colômbia. A pressão teve efeito, e, algumas horas depois, o governo colombiano recuou, anunciando que aceitaria os deportados. A Casa Branca informou que, diante do acordo, as sanções seriam suspensas.
Além disso, foi autorizada uma operação para deter imigrantes na cidade de Chicago. O perfil oficial da Casa Branca nas redes sociais também destacou casos de imigrantes latinos com antecedentes criminais, sugerindo uma associação entre imigração e criminalidade.
Impacto no Brasil
Ainda não está claro qual será a extensão do impacto dessa crise no Brasil. O governo brasileiro desautorizou o uso de algemas e correntes nos deportados. O Ministério dos Direitos Humanos está elaborando um relatório sobre as denúncias de agressões contra brasileiros a bordo do avião militar americano.
No caso da Colômbia, a reação foi imediata. O presidente colombiano, Gustavo Petro, recusou-se a receber aviões militares com deportados e exigiu um transporte digno. Em resposta, Trump suspendeu a emissão de vistos e impôs uma taxação de 25% sobre produtos colombianos.
Como contrapartida, Petro ameaçou taxar os produtos americanos em 50%. Ele divulgou um extenso comunicado criticando o autoritarismo do governo dos EUA e exaltando a solidariedade entre os países da América Latina. “Derrube-me, e as Américas responderão”, escreveu no texto em que fala de resistência contra Trump.
Durante a madrugada, um acordo foi supostamente estabelecido, resultando na suspensão das sanções, com a condição de que a Colômbia aceitasse os deportados. Em meio a essa confusão, o perfil oficial da Casa Branca no X compartilhou diversas fotos de imigrantes latinos que cometeram delitos. A postagem sugere que imigrantes são criminosos e que a função da agência de controle de fronteiras é proteger as comunidades nos Estados Unidos de “estupradores de crianças a suspeitos de terrorismo do ISIS”.
Ao mesmo tempo em que intensifica a deportação de imigrantes, o governo Trump busca eliminar a cidadania americana por nascimento no país. Ele também pretende reverter a cidadania por laço consanguíneo, como era praticado antes da abolição da escravatura nos Estados Unidos.
Nesse contexto, Trump assinou um decreto que proíbe o direito à cidadania para filhos de imigrantes nascidos nos Estados Unidos. Embora a medida tenha sido suspensa pelo Judiciário e esteja sendo contestada legalmente, o atual presidente dos EUA deseja mantê-la.