CEOs do varejo veem aceleração econômica no Brasil, mas alertam sobre falta de mão de obra
(Reprodução)
A recente pesquisa CEO Survey, conduzida pela PwC e divulgada nesta terça-feira, revela um panorama otimista, mas cauteloso, sobre o futuro da economia brasileira, especialmente no setor de varejo. Os dados indicam que 62% dos CEOs do setor de consumo acreditam na aceleração da economia nos próximos 12 meses, um índice que, embora positivo, é inferior à média nacional de 73% entre todos os executivos entrevistados. Essa diferença é interpretada por Luciana Medeiros, sócia e líder da indústria de Consumo e Varejo da PwC, como um sinal de um otimismo que deve ser temperado com prudência.
Um dos principais desafios identificados pelos líderes do varejo é a falta de mão de obra qualificada, que se destaca acima de preocupações tradicionais como a inflação e a instabilidade econômica. 41% dos CEOs mencionaram essa questão como a principal ameaça ao setor, refletindo uma preocupação crescente com a escassez de profissionais capacitados, especialmente em funções críticas como atendimento ao cliente. Luciana Medeiros enfatiza que essa carência de mão de obra é um fator que pode impactar diretamente a experiência do consumidor, levando a situações como filas longas e um atendimento insatisfatório, o que, por sua vez, pode prejudicar a imagem da marca.
A pesquisa também destaca que, apesar do aperto na política monetária, com a expectativa de que o Copom eleve a Selic para 13,25% nesta quarta-feira e que a taxa possa alcançar 15% até o final do ano, o cenário de pleno emprego e crescimento da renda é visto como um suporte fundamental para as perspectivas otimistas dos executivos do setor. Luciana ressalta que “não há perspectiva de um revés na taxa de desemprego e essa é a base para o consumo”, o que sugere que a estabilidade no mercado de trabalho pode ser um fator crucial para o aumento da demanda.
Além da falta de mão de obra, os CEOs também apontaram outras ameaças significativas, como risco cibernético (31%), instabilidade macroeconômica (26%) e inflação (18%). A questão da falta de qualificação foi um tema recorrente em eventos internacionais, como a feira da NRF, a maior associação comercial do mundo, onde se discutiu a importância de profissionais que compreendam a cultura da empresa e como isso pode melhorar a experiência do consumidor.
Em resposta a esses desafios, a adoção de tecnologia se mostra como uma estratégia vital para a sobrevivência do negócio. 82% dos executivos afirmaram que planejam integrar inteligência artificial para o desenvolvimento de competências e aprimoramento da força de trabalho, um percentual que supera significativamente a média nacional de 46%. Essa busca por inovação é ainda mais urgente em um ambiente de alta concorrência, onde o varejo brasileiro enfrenta um número crescente de plataformas e marketplaces. Luciana Medeiros observa que um terço dos executivos reconhece a necessidade de reinvenção do negócio para garantir a sobrevivência nos próximos dez anos, destacando a importância de diversificar a oferta de produtos e serviços como uma estratégia essencial para se manter competitivo no mercado.