OpenAI acusa a DeepSeek de violar direitos autorais
A OpenAI afirma ter encontrado evidências de que a startup chinesa de inteligência artificial DeepSeek usou os modelos de propriedade da criadora do ChatGPT para treinar seu próprio concorrente de código aberto, em meio a preocupações crescentes sobre uma possível violação de propriedade intelectual, mostra reportagem do Financial Times.
A OpenAI disse ao jornal britânico que encontrou algumas evidências de "destilação", que suspeita terem origem na DeepSeek. A 'destilação', prática comum na indústria, é, segundo o FT, utilizada por desenvolvedores para obter um melhor desempenho em modelos menores, aproveitando os resultados de modelos maiores e mais potentes, o que permite alcançar resultados semelhantes em determinadas tarefas a um custo bem menor.
A grande preocupação é de que a DeepSeek pudesse estar utilizando essa técnica para desenvolver seu próprio modelo de chatbot, o que violaria os termos de serviço da OpenAI, que determinam que os usuários não podem “copiar” nenhum de seus serviços nem “usá-los para desenvolver modelos que concorram com a OpenAI”.
Procurada pela reportagem, a OpenAI se recusou a comentar mais sobre o assunto ou fornecer detalhes de como chegou à conclusão de que a startup chinesa estaria violando direitos de propriedade.
Ao mesmo tempo que a OpenAI acusa a DeepSeek de violar direitos autorais, ela própria é acusada de violar vários direitos autorais de produtores de conteúdo, incluindo o The New York Times.
Prodígio chinês: Quem é o engenheiro 'nerd' que fundou a DeepSeek e abalou a liderança dos EUA em IA
Reportagem da Bloomberg mostrou que, no ano passado, a OpenAI e sua parceira Microsoft investigaram contas que acreditavam pertencer à DeepSeek e que estavam usando a interface de programação de aplicativos (API) da OpenAI.
As contas tiveram o acesso bloqueado por suspeita de destilação, o que violava os termos de serviço da criadora do ChatGPT, segundo fontes citadas pela Bloomberg.
Procuradas , tanto a Microsoft quando a OpenAi não comentaram a respeito. A DeepSeek também não respondeu a um pedido de comentário.
Na terça-feira, Sam Altman, CEO da OpenAI, elogiou os avanços do que se tornou uma concorrente direta do seu ChatGPT, ao mesmo tempo que prometeu uma 'nova fase' da parceria com Microsoft.
"O R1 da Deepseek é um modelo impressionante, especialmente considerando o que eles conseguem entregar pelo preço", escreveu o executivo referindo-se a quanto a chinesa cobra por seus serviços, bem abaixo dos valores das IAs das big techs americanas.
Nesta semana, o lançamento do modelo de raciocínio R1 da DeepSeek surpreendeu os mercados, investidores e empresas de tecnologia no Vale do Silício. Os modelos da startup chinesa, desenvolvidos com poucos recursos, alcançaram classificações elevadas e resultados comparáveis aos dos principais modelos desenvolvidos nos Estados Unidos, o que abalou a fé na liderança e na lucratividade dos EUA em inteligência artificial.
"Os investidores estão desconcertados com essa nova reviravolta dos acontecimentos e pelo [temor] de que as empresas americanas especializadas em IA percam influência", resumiu à AFP Sam Stovall, da consultoria financeira CFRA.
Analistas e investidores acreditavam que a vantagem dos Estados Unidos no setor dos semicondutores e sua capacidade de limitar o acesso da China a esta tecnologia garantiria seu domínio da IA.