Festa de Lira tem abraço entre Motta e Cunha, 'climão' com ex-aliados e Gleisi despistando sobre ministério; leia os bastidores

O Globo
Festa de Lira tem abraço entre Motta e Cunha, 'climão' com ex-aliados e Gleisi despistando sobre ministério; leia os bastidores Presidente da Câmara reuniu mundo político para se despedir da chefia da Casa, que deverá eleger deputado do Republicanos como sucessor neste sábado


De saída da presidência da Câmara após quatro anos, Arthur Lira (PP-AL) reuniu aliados na noite de sexta-feira para uma festa de despedida na residência oficial. O evento, embalado por sucessos sertanejos, teve como protagonista também o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), que deve ser conduzido ao cargo hoje com votação expressiva — o placar exato motivou um bolão entre convidados.

A lista de presentes incluiu o ex-presidente da Casa Eduardo Cunha, padrinho do início da caminhada no Congresso de Motta, com quem trocou um longo abraço, e provocou o reencontro dos ex-aliados Luciano Bivar e Antônio Rueda, que viveram uma disputa acalorada pelo controle do União Brasil em 2024.

Desde o início da noite, uma fila de carros impedia a circulação nos arredores da residência oficial. Membros de quase todos os partidos foram ao evento regado a vinho, uísque 12 anos e doses de cachaça — o aguardente Cabaré, em um barril com o nome de Lira, já havia sido uma das estrelas do evento em comemoração à reeleição dele ao comando da Casa, em 2023. Embora o evento fosse de Lira, era pela passagem de Motta que muitos esperavam.


Cachaça Cabaré era servida em barril com o nome de Lira 

O parlamentar chegou por volta das 23h, depois de ter se encontrado com a bancada do Ceará. A presença dele roubou os holofotes e foi necessário tirar dezenas de selfies até conseguir cumprimentar Lira. Motta saiu do local por volta da meia-noite e meia, a caminho de mais um compromisso. Quando questionado sobre o porquê de ainda encontrar outros parlamentares, respondeu:
— Não tem nada ganho, preciso pedir votos.

Em uma cena inesperada até pouco tempo atrás, Elmar Nascimento (União-BA), que sonhava com a presidência da Câmara até o nome de Motta ser formalizado, pediu votos pelo agora favorito à sucessão de Lira. Pelo acordo firmado, ele ficará com a segunda vice-presidência. "É dia de votar em mim", disse a outros deputados presentes. O bolsonarista Altineu Côrtes (PL-RJ), que será o vice de Motta, também pedia apoios de mesa em mesa para o parlamentar do Republicanos. A dúvida é se ele conseguirá superar os 464 votos de Lira há dois anos, o que representou 90% da Casa.

Foi por volta da meia-noite que todos os olhares se voltaram para o mesmo lugar: Eduardo Cunha, tido como grande fiador do impeachment de Dilma Rousseff, em 2016, chegou à festa para dar um abraço no antigo aliado. Ao lado da filha, a deputada Dani Cunha, o ex-presidente da Câmara desejou sorte a Motta e disse: "Eu nunca errei".

Os petistas presentes no local, entre eles o casal Gleisi Hoffmann e Lindbergh Farias, se entreolharam ao ver os dois se abraçando. Quando questionado quanto ao número de votos que Motta registraria, Cunha brincou.
— Estou um pouco confiante, então eu acho que chegará a uns 490 — disse para risos dos presentes.
Embora o jardim da residência oficial da Câmara tenha ficado lotado, chamou atenção que apenas André Fufuca (Esporte) representou a Esplanada do governo Lula na festa. Os ex-ministros de Bolsonaro, entretanto, eram mais numerosos.

Tereza Cristina, Fábio Faria, Bruno Bianco e João Roma foram ao local para cumprimentar Lira. Mas, como em toda boa festa, nem só de momentos fraternos o evento se fez.
Antônio Rueda e Luciano Bivar chegaram praticamente juntos e se mantiveram distantes, evitando até mesmo a troca de olhares. Durante a briga pelo comando do União, a defesa de Rueda chegou lançar a suspeita de que Bivar mandou incendiar a sua casa. A perícia identificou que as chamas foram provocadas, mas não houve conclusão sobre responsáveis.

Os dois entraram e saíram sem trocar uma única palavra.
E, em tempos de troca de poder na Câmara, havia também quem estivesse debatendo o seu futuro. Os deputados José Guimarães e Gleisi Hoffmann eram questionados a todo instante sobre a possibilidade de serem contemplados na reforma ministerial de Lula.

Os convidados apostavam que a presidente do PT será agraciada, mas Gleisi, no entanto, repreendia quem a chamava de "ministra".
— Não fala isso antes da hora que traz mau agouro — dizia com bom humor.




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