Ozempic ‘turbinado’: estudo com dose tripla de semaglutida surpreende e revela resultados inesperados
O que ocorre ao administrar uma dose tripla de Wegovy, que contém semaglutida para obesidade, ou uma dose mais de seis vezes superior de Ozempic, usado para diabetes, em pessoas com sobrepeso? Um estudo realizado pela farmacêutica Novo Nordisk investigou essa questão, apresentando seus resultados.
Na fase final da pesquisa clínica, foram avaliadas a segurança e a eficácia de injeções de 7,2 mg de semaglutida em comparação ao Wegovy (2,4 mg de semaglutida) e a um placebo (injeções sem o princípio ativo), todos administrados semanalmente. O estudo envolveu 1.407 participantes com obesidade, que também foram incentivados a adotar mudanças no estilo de vida, e teve duração de cerca de 16 meses.
O principal achado do estudo, denominado STEP UP, foi que a dose tripla do análogo de GLP-1 demonstrou resultados superiores em relação à dose padrão já aprovada e comercializada no Brasil. Os pacientes que receberam a dose de 7,2 mg perderam, em média, 20,7% do peso corporal, enquanto aqueles que usaram Wegovy reduziram, em média, 17,5%. O grupo que recebeu o placebo apresentou uma perda de apenas 2,4% do peso inicial.
Além disso, os pesquisadores notaram que 33% dos participantes tratados com a dose máxima conseguiram uma perda de peso igual ou superior a 25%. Isso indica que a nova formulação é, de fato, mais eficaz.
A farmacêutica ainda não divulgou se a dose tripla de semaglutida causa mais efeitos colaterais. Espera-se que essas informações sejam apresentadas em um congresso médico programado para este ano.
O endocrinologista Carlos Eduardo Barra Couri alertou que a dose de 7,2 mg é experimental e não possui aprovação para uso clínico. Portanto, aumentar a dosagem por conta própria é contraindicado e pode ser arriscado.
No final de 2024, outro estudo financiado pela farmacêutica americana Eli Lilly comparou a eficácia de sua medicação para obesidade, Mounjaro (tirzepatida), com o Wegovy, e os resultados do Mounjaro foram superiores.
Essas pesquisas representam um avanço significativo no tratamento medicamentoso da obesidade, um problema de saúde pública que afeta pelo menos 1 bilhão de pessoas em todo o mundo, para o qual novas definições e critérios de diagnóstico foram recentemente propostos.