A entrega dos kits escolares na rede municipal de ensino de Anápolis se transformou em um campo de batalha entre pais, professores e a administração municipal. A falta de clareza nas informações e a condução controversa do processo pelo prefeito Márcio Corrêa (PL) estão alimentando um clima de desconfiança e confronto nas escolas. O alerta foi dado pelo vereador Alex Martins (PP), ex-secretário de Educação e professor, em sessão da Câmara Municipal nesta segunda-feira (3).

A situação se agravou após um vídeo do prefeito, divulgado em janeiro, onde ele orientava os pais a não comprarem materiais solicitados pelas escolas, prometendo que todos os alunos receberiam kits fornecidos pelo município. Contudo, a entrega tardou e, até a semana passada, apenas 13,6 mil materiais foram disponibilizados pelo governo estadual, gerando indignação e confusão entre as famílias.

“Professores estão sendo colocados em uma situação delicada, com pais cobrando a devolução de doações voluntárias de materiais. Isso parece uma guerra contra o papel dos nossos profissionais”, desabafou Martins, enfatizando que essa falta de comunicação está colocando os educadores em uma posição vulnerável, levando a questionamentos e até intimidações.

A situação se tornou tão crítica que Martins relatou um episódio em que um pai confrontou um professor de forma agressiva. “Não precisamos desse ambiente de hostilidade nas escolas”, afirmou, pedindo mais respeito e apoio aos profissionais da educação.

Enquanto isso, a prefeitura anunciou um mutirão para entregar os kits escolares até a próxima sexta-feira (7), em um esforço para acalmar os ânimos e garantir o início do ano letivo de forma mais organizada. No entanto, a trajetória até aqui deixou marcas, e muitos pais ainda estão em dúvida sobre a segurança e a confiabilidade das informações divulgadas.

Além disso, a crise se aprofunda com a polêmica em torno dos livros armazenados nos almoxarifados da prefeitura. O prefeito chamou a situação de "abandonada", mas Martins contesta, afirmando que os materiais, parte da chamada reserva técnica, estão em boas condições e são essenciais para atender a demanda crescente nas escolas. “Precisamos ter um estoque de reposição para garantir que todas as crianças tenham acesso ao material necessário para o aprendizado”, ressaltou.

Com uma comunidade em ebulição e a educação em jogo, a administração municipal enfrenta o desafio de restaurar a confiança e garantir um ambiente seguro e produtivo para alunos e educadores. A esperança agora é que a entrega dos kits escolares e a gestão dos materiais possam ser conduzidas com mais transparência e eficácia, evitando que a escola se torne um campo de batalha.