Brasil deve receber novo voo com deportados dos EUA nesta sexta-feira
O próximo voo de brasileiros deportados pelos Estados Unidos está previsto para chegar ao Brasil nesta sexta-feira, dia 7, com uma alteração na rota sugerida pelo governo brasileiro. Em vez do habitual destino em Confins (MG), o voo será direcionado para Fortaleza (CE).
Essa mudança pode reduzir a distância e, consequentemente, o tempo que os brasileiros deportados por imigração ilegal passam viajando de volta ao país, algemados e com os pés acorrentados.
Os detalhes da operação estão sendo discutidos por autoridades governamentais nesta terça-feira, dia 4. Na semana passada, uma série de problemas em um voo com 88 brasileiros deportados gerou uma crise diplomática, a primeira entre os governos de Lula e Donald Trump.
Além do uso excessivo de algemas e correntes, os passageiros relataram problemas no sistema de ar-condicionado, além de maus-tratos e agressões por parte dos agentes dos EUA a bordo. O avião fez paradas no Panamá e em Manaus (AM) devido a uma pane.
Diante do tumulto na aeronave, os passageiros desembarcaram acorrentados e chegaram a utilizar uma saída de emergência. Comunicada pela Polícia Federal, Lula enviou um avião da Força Aérea Brasileira para finalizar o transporte dos 88 deportados até Minas Gerais.
O governo de Luiz Inácio Lula da Silva anunciou a criação de um centro de acolhimento para os deportados no Aeroporto Internacional de Confins, além de um grupo de trabalho para coordenar com a diplomacia dos EUA, visando melhorias no tratamento dos indocumentados.
No total, as autoridades americanas têm ordens para deportar 38 mil brasileiros em situação migratória irregular, sem direito a recurso. Trump se comprometeu a continuar com a política de deportação em massa e intensificou as operações de busca e apreensão no país.
Desde 2018, o governo brasileiro aceita receber voos de remoção realizados em aviões comerciais fretados e operados pela polícia migratória dos EUA, o Serviço de Imigração e Controle de Alfândega (ICE).
De acordo com o Itamaraty, o objetivo era reduzir o tempo que brasileiros sem direito a recurso passavam em centros de detenção. Naquela época, Minas foi escolhida como base de chegada devido à alta concentração de imigrantes oriundos da região. Os voos passaram a aterrissar em Confins sempre às sextas-feiras, com frequência mensal, e, em algumas ocasiões, mais de uma vez por mês.
Apesar de vários apelos, o governo dos EUA nunca aceitou modificar as regras sobre o uso de algemas nas mãos e correntes nos pés dos deportados durante o voo. O Brasil busca convencer os americanos a adotar uma abordagem excepcional em vez de indiscriminada e exige que os equipamentos sejam removidos em território nacional.
Ainda não foram divulgados detalhes sobre a cidade de origem do novo voo nos EUA, nem a quantidade de brasileiros que serão deportados nesta ocasião ou se incluem famílias ou apenas adultos.
Ainda não está definido se o governo federal irá organizar o transporte deles até Confins, nem se as algemas e correntes serão utilizadas novamente, ou se serão retiradas após o pouso ou quando o avião entrar no espaço aéreo brasileiro.
O governo brasileiro solicitou esclarecimentos formais após o incidente de 24 de janeiro. O encarregado de negócios da embaixada americana em Brasília, Gabriel Escobar, expressou seu pesar pelo ocorrido durante uma reunião a portas fechadas no Itamaraty, onde teria feito um pedido de desculpas, conforme relataram testemunhas.