O Banco Mercantil, tradicional instituição financeira mineira com foco em consignado do INSS, fechou o ano passado com lucro líquido de R$ 752 milhões, aumento anual de 79% e cifra recorde para a companhia. Segundo o balanço publicado nesta quarta-feira, o resultado foi de R$ 205 milhões no quarto trimestre, representando um crescimento de 36% na comparação anual e em linha com o trimestre anterior (R$ 201 milhões).

O ROAE (sigla em inglês para retorno sobre o patrimônio líquido médio), uma das principais métricas de rentabilidade de um banco, foi de 41,3% na média do ano. Em 2023, a taxa ficou em 29,8%.

A carteira de crédito encerrou o ano em R$ 17,1 bilhões, 22% maior que em 2022. O consignado respondeu por R$ 10,8 bilhões no último trimestre. No quarto trimestre, o banco registrou um market share de 11,3% na originação de crédito consignado.

— Não controlamos o teto de juros do consignado do INSS nem a Selic; por isso, precisamos ser mais seletivos na concessão de crédito. Contudo, com a digitalização da captação de clientes e algoritmos atuariais mais assertivos, conseguimos crescer a base sob essas condições — explicou à coluna o CEO do Banco Mercantil, Gustavo Araújo.

De acordo com o executivo, a seletividade permitiu que a inadimplência caísse. A taxa de atraso acima de 90 dias, uma das principais métricas de análise do indicador, ficou em 1,7%, ou 1,3 ponto percentual menor que no mesmo período do ano anterior. O Mercantil encerrou o ano com 8,9 milhões de clientes, apresentando um crescimento anual de 12%.

Quanto à digitalização, o CEO contou que dois terços da originação de crédito se deu por meio de canais digitais, sendo que o aplicativo e o WhatsApp responderam cada um por um terço do total.

— Há cerca de dois anos, implementamos uma estratégia de jornada 100% pelo WhatsApp. Ali, o cliente vê as condições e envia um vídeo com seu documento afirmando que concorda com a operação. Usando tecnologia para verificar a identidade, conseguimos autorizar a liberação dentro do próprio WhatsApp — disse o CEO. — Mesmo focando em um público acima de 50 anos, uma parte importante da clientela é altamente digitalizada, sobretudo por meio do WhatsApp.

Parte da estratégia de expansão também se dá pela abertura de novas agências físicas, na contramão de outros bancos. Segundo Araújo, o Mercantil possui cerca de 300 unidades e, desde o início do ano passado até este trimestre, terá aberto 50 novos endereços. Um dos focos é ampliar a presença no Nordeste, já que o banco concentrava sua atuação física no Sudeste e Centro-Oeste.

As agências são importantes para atrair clientes menos digitalizados e proporcionam vantagens nos leilões de folhas de pagamento do INSS. Os certames são realizados a cada cinco anos e, no ano passado, o Mercantil ficou entre os três primeiros colocados em 22 dos 26 lotes.

— Além da colocação, o INSS leva em consideração a existência de agências completas na região dos aposentados. Por isso, acreditamos que temos um diferencial em relação à concorrência das financeiras e fintechs mesmo em estados onde não ficamos na primeira colocação. Estamos falando de 240 mil novos aposentados por mês. Podemos receber uma fatia importante desse número — observa.

O Banco Mercantil vale R$ 3,6 bilhões na Bolsa e dobrou seu valor na B3 nos últimos 12 meses.