Prefeitura de MG acusa vereador de invadir sala vermelha de UBS durante atendimento a paciente 'sob risco de morte'
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A Prefeitura de Felício dos Santos, em Minas Gerais, emitiu uma nota de repúdio contra o vereador Wladimir Canuto (Avante) e o acusou de invadir a sala vermelha da Unidade de Saúde Básica do município durante o atendimento de um paciente que corria risco de morte. O comunicado, assinado pelo prefeito Weniton William França (PRD), conta que o político entrou no espaço "de maneira abrupta e injustificada" enquanto propagava "agressões verbais" contra servidores. O paciente morreu. Criticado, o vereador alegou ter agido para fiscalizar a demora no atendimento a outros cidadãos.
De acordo com a prefeitura, durante a ação, Canuto teria agredido fisicamente uma das servidores que estava em serviço. O político teria entrado na sala vermelha — local em que são atendidas pessoas com quadro crítico — na última segunda-feira (3), num momento "delicado de atendimento a paciente sob risco de morte", que acabou morrendo.
Em vídeo publicado no Instagram, no dia seguinte, Canuto rebateu as alegações da prefeitura. Disse ter sido chamado à UBS por um cidadão que reclamava da demora do atendimento e ter ouvido, na recepção, que os dois médicos contratados estavam no atendimento de emergências.
O político então teria ouvido do marido de uma mulher — que, segundo ele, "chorava de dor na coluna" e já aguardava havia duas horas — que esses dois casos críticos haviam sido transferidos. Teria decidido averiguar, ele mesmo, o que faziam os dois médicos da UBS. Canuto reconheceu ter entrado, sem autorização, num local em que "várias pessoas" atendiam um paciente.
— Eu sou fiscal do município. O salário que todos os funcionários da prefeitura recebem, eu fiscalizo. Eu tenho que ver se estão trabalhando de acordo, se são merecedores. Uma atendente me disse que eu não poderia entrar, e eu disse: 'Eu posso'. Quando entrei, me deparei com o médico sentado na cadeira dele, mexendo no celular. Perguntei: 'Tem emergência online, é isso?'. Pedi para ver o outro médico. Disseram que eu não poderia entrar na sala. Eu simplesmente abri a porta, aí vi que tinha muita gente lá dentro. Eu só perguntei se tinha médico na sala, a médica respondeu, e fechei a porta — relatou Canuto.
O vereador contou que, após a morte do paciente, três enfermeiros o chamaram para conversar. Canuto negou ter agredido fisicamente quaisquer servidores, mas confirmou ter proferido agressões verbais. Ele prometeu que fará ações semelhantes na UBS no futuro.
Em comentário na postagem do vereador, a médica Larissa Vieira se identificou como uma das profissionais que estavam na sala vermelha naquele momento. Ela ressaltou ter ficado indignada com a invasão do espaço durante o procedimento crítico.
"Como médica que estava realizando o atendimento de alta complexidade tendo a sala invadida em um momento de um procedimento que exigia total atenção no meu paciente expresso aqui a minha completa indignação. O senhor é muito bom com as palavras e realmente não temos como provar o que ocorreu perante a justiça dos homens mas a justiça Divina não falha. Fale como quiser, mas eu não dormiria com consciência tranquila depois de ter feito o que o senhor fez. Lamentável, vergonhoso e desumano", destacou ela.
![Médica critica vereador que invadiu sala vermelha durante atendimento a paciente — Foto: Reprodução/Instagram](https://s2-oglobo.glbimg.com/XQeSCpwfx6wCvOLcmkCLZ6t38aw=/0x0:1129x779/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_da025474c0c44edd99332dddb09cabe8/internal_photos/bs/2025/M/T/HRgaXpQY6fAanJuTUNIg/lari.png)
Médica critica vereador que invadiu sala vermelha durante atendimento a paciente — Foto: Reprodução/Instagram
O poder municipal prometeu tomar medidas para responsabilizar Canuto ao destacar, no comunicado, que a ação do vereador foi "vil e ardilosa" e "transcendeu" o exercício das funções fiscalizadoras de parlamentar.
"A ação desencadeou tumultos diversos na instituição, desestabilização psicológica de toda uma equipe, que mesmo o paciente vindo a óbito, não foi suficiente para vereador ter empatia, causando revolta dos familiares [do paciente] e usuários/pacientes na UBS", ressalta trecho da nota.
A prefeitura também pediu que a Câmara dos Vereadores apure e puna o que chamou de "atitudes levianas e criminosas" do político, em resposta "ao sofrimento psicológico e físico" da equipe da UBS e da família do paciente.