'Dar restos de comida ao pet não nutre de forma adequada e ainda traz riscos ao animal', diz especialista

O GLOBO
'Dar restos de comida ao pet não nutre de forma adequada e ainda traz riscos ao animal', diz especialista reprodução

Antigamente, os animais de estimação eram tratados de forma diferente, muitas vezes ficando no quintal e alimentados com restos de comida. Hoje, no entanto, são considerados membros da família, com direito a dormir nas camas de seus donos. Esse processo de humanização dos animais tem impulsionado a demanda por alimentos de melhor qualidade, como rações e petiscos, que incluem ingredientes cada vez mais funcionais, conforme explica Gustavo Bruno, gerente geral da Mars Pet Nutrition (responsável por marcas como Whiskas, Pedigree e Optimum).

Em entrevista ao GLOBO, Bruno fala sobre o crescimento da alimentação natural, embora acredite que esse movimento deve se estabilizar em breve, alertando ainda para os riscos da comida caseira sem orientação veterinária. Ele também afirma que a ração úmida é uma refeição "completa". Segundo a empresa, apenas 42,7% dos cães e 55,6% dos gatos têm suas necessidades alimentares atendidas com ração no Brasil, uma porcentagem bem inferior à observada na Europa, por exemplo. Confira a entrevista completa:

O que há de diferente nas rações vendidas hoje em comparação com as de antigamente?

Os animais de estimação ganharam um espaço muito maior em nossas vidas. Antes, ficavam no quintal e eram alimentados com restos de comida. Hoje, fazem parte da família, dormem na cama dos donos e têm cuidados com sua alimentação. Com isso, as rações melhoraram, já que quem considera o pet como membro da família passa a se preocupar mais com sua nutrição. Ingredientes como vitaminas e nutrientes específicos começaram a ser mais valorizados. Além disso, a alimentação natural tem ganhado popularidade. Assim como as pessoas buscam opções mais naturais para si, também há um movimento para isso na alimentação dos animais.

A ração é a base da alimentação dos cães e gatos no Brasil?

Atualmente, apenas 42,7% dos cães e 55,6% dos gatos têm suas necessidades alimentares atendidas exclusivamente com ração, uma taxa bem abaixo da de países europeus, onde pode chegar a 80%. Isso indica que, no Brasil, muitos pets acabam se alimentando de comida caseira ou restos de refeições, o que pode prejudicar sua nutrição e até apresentar riscos, como alimentos tóxicos. No entanto, o consumo de ração está crescendo, assim como a procura por ração úmida e petiscos, o que mostra o interesse crescente dos tutores por uma alimentação mais equilibrada e por momentos de convivência com seus animais.

Quais são as diferenças entre os tipos de ração?

Existem três principais segmentos: o de nutrição diária, que oferece o básico para uma alimentação balanceada; o de rações específicas para determinadas raças; e o de rações medicamentosas. As outras categorias (Standard, Premium, Premium Especial e Super Premium) diferem em relação à qualidade dos ingredientes, teor de proteína e quantidade de vitaminas. As opções mais premium incluem ingredientes que melhoram o odor das fezes e a qualidade do pelo, por exemplo.

Como escolher a ração certa para o pet?

A escolha vai depender de várias variáveis, como a raça e o tamanho do animal. Por exemplo, um lulu da Pomerânia, sendo um cão pequeno, pode necessitar de mais proteína para manter um físico forte. A palatabilidade também é importante, pois varia de acordo com a preferência do animal.

Como introduzir a ração diária e os petiscos na alimentação do pet?

A ração úmida é uma refeição completa, assim como a seca, mas ainda é vista por alguns tutores como um complemento. No entanto, a ração úmida é balanceada e não precisa ser misturada com a seca. Já os petiscos devem ser oferecidos como recompensas por bons comportamentos, como fazer xixi no lugar certo ou trazer a bolinha. Eles não são feitos para substituir uma alimentação balanceada e devem ser dados esporadicamente.

É verdade que ração úmida faz mal para gatos?

De forma alguma. A ração úmida é extremamente saudável, e se fosse prejudicial, sua popularidade na Europa e nos Estados Unidos não seria tão grande. Ela é uma opção nutricional completa.

Como você vê a tendência crescente de alimentos mais naturais para os animais de estimação?

É uma tendência que acompanha o movimento de busca por alimentos mais naturais também entre os humanos. No entanto, a ração continuará sendo a base da alimentação de pets, já que há consumidores que preferem rações convencionais. Quem opta por alimentação natural geralmente são tutores mais jovens, que têm esse hábito para si. É importante que, ao escolher uma dieta natural, o tutor consulte um veterinário, pois isso pode ser feito de forma balanceada e saudável. Contudo, a alimentação caseira sem orientação pode deixar lacunas nutricionais.

E as dietas personalizadas?

Quando compramos uma ração balanceada, sabemos que estamos fornecendo tudo o que o animal precisa. Alimentação caseira ou feita por alguém sem o devido conhecimento pode deixar o pet com deficiências nutricionais, já que suas necessidades são diferentes das nossas. Quando a dieta é elaborada por veterinários, levando em conta as necessidades específicas do animal, é possível fornecer uma alimentação saudável e equilibrada.

Como a dieta do pet deve mudar ao longo da sua vida?

À medida que o animal envelhece, sua dieta pode precisar ser ajustada. Alguns petiscos consumidos quando o animal é jovem podem não ser mais adequados à medida que ele envelhece, pois ele pode desenvolver intolerâncias alimentares. A suplementação também pode ser necessária para animais mais velhos. Existem suplementos que estão ganhando popularidade no mercado internacional, e a empresa também está investindo nesse segmento.

Ter um pet faz bem para as pessoas?

Durante a pandemia, a relação com os animais se fortaleceu, e estudos do Centro de Pesquisa Waltham mostram que crianças expostas a animais de estimação desenvolvem melhor suas habilidades motoras e psicológicas. Além disso, pets ajudam idosos a não se sentirem sozinhos, proporcionando companhia e bem-estar. Em um mundo onde as famílias estão menores, os animais de estimação se tornam uma grande fonte de afeto e companhia.

Está aumentando a adoção de gatos? Por quê?

Sim, a adoção de gatos no Brasil tem crescido. O brasileiro está adotando o gato em maior número, especialmente no Sudeste, onde essa tendência era menos comum. Antes, o gato era mais associado a classes sociais mais baixas e à função de caçar roedores, principalmente no Nordeste. Porém, com o aumento da procura por gatos, muitos tutores perceberam que eles também oferecem momentos de afeto, além de serem mais independentes e se adaptarem melhor a ficar sozinhos em casa.




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